Mariana Mortágua afirmou que “há anos que associações do setor e partidos políticos, como o Bloco de Esquerda, alertam para um problema grave de seca no país e um problema de seca gravíssimo no Algarve”.
“Este não é um problema do futuro, é um problema do presente. Já há municípios a quererem condicionar o acesso à água, a quererem aumentar o preço da água. Sabemos que essa medida foi suspensa, resta-nos saber se só até às eleições, e se depois das eleições outra decisão será tomada por estes municípios”, apontou a coordenadora bloquista.
Aumento do preço da água no Algarve: medida injusta, irresponsável e penalizadora das famílias
Mariana Mortágua defendeu que “não é penalizando os pequenos consumidores e os pequenos agricultores que é possível lutar contra a seca” e deu alguns exemplos de medidas urgentes para combater este flagelo.
“Existe um enorme desperdício de água em Portugal nas próprias canalizações, na forma como a água é distribuída. Todos os estudos indicam que, com pequenas obras de manutenção, com gestão dos recursos hídricos, era possível ter a água necessária para impedir, por exemplo, a construção de uma dessalinizadora aqui no Algarve, que tem consequências ambientais e que devia ser uma solução de último recurso”, referiu a dirigente do Bloco.
Mariana Mortágua avançou ainda que é possível “limitar as formas como o turismo consome água”. A esse respeito, detalhou que um parque aquático pode funcionar com água salgada e que um campo de golfe pode utilizar águas residuais.
A líder bloquista vincou que existem “investimentos estruturantes que não estão a ser feitos”, assinalando que “há partidos que preferem anunciar projetos megalómanos que nunca constroem do que fazer o óbvio”.
Mariana Mortágua realçou também a importância de apoiar a pequena agricultura do país, fortemente atingida pelos cortes da Política Agrícola Comum da União Europeia. A coordenadora do Bloco advertiu que, sem apoios, não é possível fazer transição agrícola que se adapte e minimize os efeitos da seca”. Até porque “queremos agricultura que garanta soberania alimentar do país”, acrescentou.
Conforme explicou, “quando desviamos a água para outros consumos, quando não há gestão eficiente da água, na realidade, os pequenos agricultores são os primeiros a sofrer, aumentando depois o preço de todos os bens que são consumidos”.
Reafirmando que a maioria absoluta agravou problemas do país, Mariana Mortágua acusou a a direita de ter respostas de “total irresponsabilidade” no que diz respeito à proteção ambiental e ao consumo da água.
“Quem finge que não há um problema com a água e que não é preciso tomar medidas para acabar com desperdício e adaptarmo-nos à seca, não quer saber o que é que vai acontecer nesta região daqui a 15 anos”, sublinhou a líder bloquista.
Mariana Mortágua referiu que os estudos indicam que, daqui a dez anos, a produtividade agrícola vai reduzir-se em 30% por causa dos efeitos das alterações climáticas. E apontou que, “se tudo continuar como está, daqui a 15 anos os agricultores não vão ter água para assegurar as suas explorações”.
Para o Bloco, adaptar o país às alterações climáticas “não é uma preocupação com um futuro distante, é uma preocupação com o presente” e, existirão “portas que se abrem para a reindustrialização do país”, com, por exemplo, a produção solar descentralizada, aposta nos transportes públicos, a adaptação das casas, ou a reutilização da água.