Conforme avançou a televisão eslovena RTV, com base nas informações divulgadas pelo portal Ynet de Israel, David Saranga, diretor da diplomacia pública do Ministério dos Negócios Estrangeiros, admitiu ter existido uma intervenção entre o público simpatizante “para fomentar o voto”. Na Eurovisão, no sistema de tele-voto, cada pessoa pode votar 20 vezes, dando a pontuação máxima de 24 pontos ao país que quiser, desde que não seja o seu próprio.
“Sabíamos que, na realidade, a situação não é tão grave como parece depois das manifestações nas ruas de Europa, mas não esperávamos um apoio tão grande”, comentou o responsável depois de saber que a sua campanha de “esforço organizado e dedicado” se traduziu num total de 323 pontos através do tele-voto, levando a que Israel ficasse apenas atrás da Croácia, que obteve 337 pontos.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros terá investido muito dinheiro na “campanha de promoção”, além de ter encarregue os seus representantes nos países europeus de apelar ao voto em Israel. Esta campanha, segundo o Ynet israelita, foi protagonizada pela própria representante Eden Golan, que se dirigiu a seus seguidores em francês, italiano, espanhol, alemão, checo, letónio, estónio, albanês, georgiano e inglês para pedir o voto.
Estes vídeos, divulgados num canal exclusivo de YouTube, e que atingiram os 14 milhões de visitas nas vésperas da final, foram dirigidos a um público selecionado com base numa “análise cuidadosa dos padrões de votação dos países no passado e o interesse que esses países mostraram na canção Hurricane”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros e do gabinete de publicidade governamental israelita elegeram como alvo privilegiado desta campanha a comunidade LGTBI em Europa, os membros de clubes de fãs, os jornalistas que cobrem o concurso e os influencers neste âmbito.
Acusações mútuas
Após ser dado a conhecer que, pelo menos, 16 delegações se queixaram à União Europeia de Radiodifusão do clima provocado pela delegação israelita, a KAN - televisão pública de Israel - denunciou uma demonstração de “ódio sem precedentes” à candidatura de Eden Golan durante a sua estadia em Malmö.
Através de um comunicado enviado à BBC News, a KAN acusa os outros países de terem um comportamento anti-Israel enquanto assegura que a sua delegação “manteve uma aproximação digna e respeitosa para com os artistas”.
“Neste ano, a delegação de Israel enfrentou uma pressão imensa e uma demonstração de ódio sem precedentes, em particular de outras delegações e artistas, pública e coletivamente, unicamente pelo simples facto de que sermos israelitas”, lê-se no comunicado.