Investigadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM) publicaram esta quinta-feira um estudo na revista The Lancet sobre o balanço do número de vítimas dos bombardeamentos e ataques à Faixa de Gaza entre outubro de 2023 e junho de 2024. A conclusão a que chegaram é que o Ministério da Saúde de Gaza, que divulga quase diariamente os números de vítimas civis, excluindo os combatentes do Hamas e outros grupos armados, subestimou em muito a contagem das mortes.
Ao contrário do que tem apregoado a propaganda do estado sionista, acusando o Hamas de inflacionar o número real de vítimas mortais, estes investigadores dizem que o que está a acontecer é o contrário: nos primeiros nove meses do genocídio esse número foi subestimado pelas autoridades de Gaza em 41%.
Só até junho do ano passado, “aproximadamente 3% da população de Gaza [aproximadamente um em 35 habitantes] morreu devido à violência, com uma análise a mostrar que 59% destas mortes foram de mulheres, crianças e idosos", destacou esta escola britânica, em comunicado enviado à agência Lusa. Isso corresponderia a mais de 64 mil mortes no final de junho e - com base na taxa estimada de notificação - a mais de 70 mi mortes em outubro. Na contagem oficial do Ministério da Saúde de Gaza, até esta quinta-feira houve mais de 46 mil mortos e 109 mil feridos.
Os investigadores dizem ter usado o método estatístico conhecido como "análise de captura-recaptura" para estimar o número de mortes por lesões traumáticas. "Este método sobrepõe dados de diversas fontes para chegar a estimativas de mortes quando nem todos os dados são registados. As fontes incluíam registos da morgue do hospital do Ministério da Saúde da Palestina, um inquérito online realizado pelos entrevistados e obituários nas redes sociais", detalhou a LSHTM.
Quanto às razões para o subestimar das vítimas nos números oficiais, atribuem a subnotificação significativa à deterioração dos serviços de saúde e à incapacidade de contar os mortos no meio da violência contínua.
"O Gabinete de Direitos Humanos da ONU já condenou o elevado número de civis mortos na guerra em Gaza, e as nossas descobertas sugerem que a morte por ferimentos traumáticos o número de vítimas é subnotificado em cerca de 41%", alertou a LSHTM, acrescentando que estes números não contam “as mortes não relacionadas com traumas causadas por interrupções nos cuidados de saúde, insegurança alimentar, água e saneamento inadequados e surtos de doenças".
"O nosso estudo demonstra a utilidade da integração de dados existentes de fontes alternativas, em vez de depender de qualquer figura única, para compor uma estimativa de ambos os reportados e mortes não declaradas em contextos afetados por violência armada conflito e violência extrema", destacaram ainda os investigadores.