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Morreu Fernanda Lapa (1943-2020)

A Escola de Mulheres anunciou o falecimento da atriz, encenadora e diretora artística desta companhia desde a sua fundação em 1995. Na sua página no facebook, Catarina Martins destaca: “Devemos-lhe o teatro, a afirmação da voz das mulheres num mundo (ainda) de homens e tudo o mais”.
Fernanda Lapa (1943-2020) - Foto: João Miguel Rodrigues, infocul.pt
Fernanda Lapa (1943-2020) - Foto: João Miguel Rodrigues, infocul.pt

Fernanda Lapa morreu esta quinta-feira, com 77 anos. A notícia foi divulgada pela companhia Escola de Mulheres.

“É com profundo pesar e imensa tristeza que a Escola de Mulheres comunica a morte de Fernanda Lapa, directora artística desta companhia desde a sua fundação, em 1995”, assinala o comunicado da Escola de Mulheres, assinado por Marta Lapa (Co-Directora Artística) e Ruy Malheiro (Director de Produção).

Fernanda Lapa “começou a encenar muito nova, num meio dominado por homens e tem um vasto currículo nos palcos, na televisão e no cinema”, salienta o comunicado, referindo que iniciou o percurso artístico no T.A.U.L. (Teatro dos Alunos Universitários de Lisboa) em 1962. Foi fundadora da Casa da Comédia, estreando-se como atriz em 1963 e como encenadora em 1972.

“Por manifesta vontade de Fernanda Lapa, e das restantes companheiras de Teatro, a Escola de Mulheres nasce com o intuito de romper com o estado de coisas a que estavam remetidas as mulheres no teatro português”, realça o comunicado da companhia, lembrando que “quase nunca nenhum texto de autoria feminina era representado, havia pouquíssimas encenadoras e estas ficavam na maior parte dos casos sempre à espera de serem convidadas pelos Directores das Companhias”.

Fernanda Lapa foi professora catedrática convidada e diretora do Conselho do Departamento de Artes Cénicas da Universidade de Évora – licenciatura e mestrado; da Escola Profissional de Teatro de Cascais (intérpretes) e da Universidade Intergeracional (UNIESTE), até agosto de 2012.

Segundo a Lusa, Fernanda Lapa venceu o prémio Sete de Ouro para a melhor encenação em 1992 e Prémio da Crítica para a Encenação em 1992 com "Medeia é Bom Rapaz”, tendo ainda recebido o prémio especial Procópio em 1999 e o Globo de Ouro para melhor espetáculo por “A Mais Velha Profissão”, em 2005.

Em 2005, foi condecorada com a Medalha de Ouro de Mérito Cultural.

Coordenou as comemorações do centenário de Bernardo Santareno, que se assinala este ano, e que foram interrompidas devido à pandemia da covid-19. Em novembro próximo, a Escola de Mulheres vai levar ao palco, a obra “O Punho”, com versão cénica da atriz e encenadora.

O comunicado da companhia destaca ainda que Fernanda Lapa defendeu sempre, pelas suas próprias palavras, que “o Teatro reflecte todas as contradições, avanços e recuos do papel da Mulher na Sociedade Contemporânea. Ao longo dos séculos, a voz das Mulheres foi silenciada em várias áreas, e também na Cultura, e não vale a pena escamotear esta realidade. Sofremos, ainda, as sequelas dessas mordaças, embora muito se tenha avançado, a partir do 25 de Abril em Portugal, pela luta das forças progressistas, mas sobretudo das próprias Mulheres e das suas Organizações.”

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, escreveu na sua página no facebook: “Encenadora. Devemos-lhe o teatro, a afirmação da voz das mulheres num mundo (ainda) de homens e tudo o mais”.

 

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