Montenegro fez um número televisivo de “caça às perceções”

28 de novembro 2024 - 13:20

Mariana Mortágua comentou a declaração do primeiro-ministro criticando a mobilização de meios para fins políticos que aumenta a perceção de insegurança. E desvelou o sentido de uma portaria do Governo que vai “leiloar” doentes do SNS para o privado.

PARTILHAR
Luís Montenegro fala aos jornalistas após ter reunido com as ministras da Justiça, Rita Alarcão Júdice e da Administração Interna, Margarida Blasco e com as chefias da Polícia Judiciária, Polícia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana.
Luís Montenegro fala aos jornalistas após ter reunido com as ministras da Justiça, Rita Alarcão Júdice e da Administração Interna, Margarida Blasco e com as chefias da Polícia Judiciária, Polícia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana. Foto Miguel A. Lopes. Lusa.

Ao final da manhã desta quinta-feira, Mariana Mortágua fez uma conferência de imprensa na Assembleia da República para falar da declaração de Luís Montenegro na véspera, das listas de espera na saúde e da intenção de descer ainda mais o IRC em vez de aumentar as pensões.

A coordenadora do Bloco notou que o chefe do governo português escolheu o horário nobre televisivo, aquele em que os “responsáveis pelos destinos da nação escolhem para falar ao país” quando há um assunto importante para ser comunicado, para anunciar “meios que já estavam contratados para resolver um problema que o próprio diz que não existe na sua declaração”.

Para ela, isto é grave por duas razões. Em primeiro lugar, porque está “ativamente a contribuir para aumentar a perceção de insegurança que o próprio diz querer combater”, tratando-se de “uma caça às perceções”. E também porque anunciou os resultados de uma investigação que cabe à Polícia de Segurança Pública e à Polícia Judiciária, substituindo-se a estas.

Esta investigação, nota, insere-se num conjunto de operações policiais que também incluem a Segurança Social, a ASAE, a Autoridade Tributária, ou seja diversos meios do Estado, que são alocados “não com critérios legais, criminais” mas “para fazer números políticos”. Isto é, diz Mariana Mortágua, uma “irresponsabilidade” e um “desrespeito” pelas pessoas que “deviam estar a fazer coisas importantes”.

Uma portaria para leiloar doentes do SNS ao privado

A dirigente bloquista trouxe um outro tema a esta conferência de imprensa. Trata-se de uma portaria que o Governo publicou que “reconhece que a lista de espera da cirurgia aumentou” e em que, para além disso, para responder ao aumento, em vez de aumentar meios, melhorar carreiras ou fazer mais investimentos, vem criar “uma lista destes doentes por tipo de doença, por circunstância e por preço”.

Isto para o privado poder “vir e escolher quais é que quer tratar”, naquilo que classificou como “um leilão de doentes do SNS”. Trata-se de algo “inadmissível”, feito “num ambiente de desinvestimento do SNS”.

Governo insiste em descer mais IRC mas não quer aumentar pensões

O último tema do dia foi a votação na discussão da especialidade do Orçamento do Estado para 2025 das propostas sobre pensões.

Mariana Mortágua destaca que o primeiro ministro “já disse que quer continuar a descer o IRC e que para isso basta ter condições políticas”, o que quer dizer que “se tiver a maioria continuará a descer o IRC”.

Já no que toca às pensões “sabe que tem condições políticas mas o que diz é que tendo condições orçamentais é que vai aumentar as pensões”. Isto significa afinal que o Governo tem maioria para aumentar as pensões “e não as quer aumentar porque diz que não tem orçamento”. Por outro lado, “não tem maioria para o IRC mas diz que tem orçamento”. Uma escolha política que deixa de lado a necessidade de combater a pobreza dos mais idosos, vinca.

Termos relacionados: PolíticaOrçamento do Estado 2025