A Polícia de Segurança Pública e funcionários da higiene urbana estiveram presentes esta terça-feira de manhã na Rua de Santa Bárbara, em Lisboa, despejando as pessoas sem abrigo que lá viviam, retirando-lhes as tendas e os seus pertences.
Há semanas que várias pessoas tinham colocado as tendas na Rua de Santa Bárbara, por não terem alternativa habitacional na cidade. O Esquerda não conseguiu ainda apurar quantas pessoas ao certo foram despejadas, mas ainda não foi anunciada qualquer tipo de solução de abrigo.
O desalojamento de pessoas sem abrigo tem sido política do executivo de Moedas, que nas últimas semanas expulsou as pessoas que estavam em tendas em frente à Igreja dos Anjos, no Regueirão dos Anjos e que se abrigavam na Gare do Oriente – este último desalojamento acontecendo na altura da Web Summit.
Segundo o Público, nesses casos a Câmara Municipal de Lisboa terá reencaminhado as pessoas para “respostas de suporte habitacional”, apesar de não se saberem exatamente quantas pessoas terão sido desalojadas. Com os centros de acolhimento lotados, o aumento da frequência destes despejos de tendas entra em contradição com a capacidade de encontrar soluções.
Sobre a situação, a deputada municipal do Bloco de Esquerda, Joana Teixeira, exige que a ação de retirada de pessoas seja "explicada pelo executivo de forma cabal".
Em declarações ao Esquerda, a deputada municipal considerou que nenhuma ação que não tenha sido preparada com o conhecimento das próprias pessoas e con soluções de acolhimento adequadas, bem como acompanhadas por assistente social e representante do Departamento dos Direitos Sociais é "legítima" nem "compaginável com uma visão humanista".
"Quando no mandato anterior decidimos que o objetivo da CML deveria ser a de que ninguém mais tivesse de pernoitar nas ruas de Lisboa e se visse na condição de sem-abrigo, apontávamo-lo com um propósito de robustecer as respostas de acolhimento de emergência e de médio-prazo", disse, lamentando que "algo parece ter-se perdido neste caminho, em que o objetivo da CML pelos olhos do executivo dos Novos Tempos passou a ser que ninguém mais se encontre a pernoitar nas ruas, não por ter forçosamente uma alternativa condigna de acolhimento, mas por ser constantemente assediado e daí retirado. "