para responder às exigências dos agricultores. Foi aprovado um primeiro grupo de medidas, nomeadamente em relação às regras relativas ao pousio das terras, à revisão dos critérios para o uso de pesticidas e à simplificação dos processos administrativos.
Esta segunda-feira, em Bruxelas, os ministros europeus da agricultora reuniram-se para discutir as propostas avançadas pela Comissão EuropeiaEm simultâneo decorreu uma manifestação convocada pela COPAC no bairro europeu, junto dos edifícios da Comissão e Conselho, sendo a maior parte dos agricultores presentes da Bélgica, Alemanha, França ou Itália. O dia foi marcado por confrontos com a polícia, que chegou a recorrer a canhões de água e gás pimenta para desmobilizar os agricultores que romperam a barreira de segurança das instituições europeias.
A CAP portuguesa esteve também presente e o seu secretário-geral, Luís Mira, resumiu as preocupações da confederação patronal da agricultura: “Hoje, estes protestos são exatamente para que não se fique só nas intenções e que se concretizem imediatamente estas questões”, defendendo que está em causa “a simplificação administrativa da Política Agrícola Comum [PAC], com aplicação imediata, (...) a flexibilização das medidas ambientais e (...) um maior controlo nas fronteiras dos produtos que vêm de outros países e que não têm as mesmas exigências de produção”.
Luís Mira, apesar de condenar o comportamento dos manifestantes, defendeu que “a revolta dos agricultores é muito profunda. As condições são muito más: entre 2005 e desapareceram 37% das explorações agrícolas na União Europeia”.
Ministros europeus aprovaram cedências avançadas pela Comissão
Na reunião, cada Estado-Membro sublinhou as suas reivindicações, estando em cima da mesa mais de 500 sugestões. Maria do Céu Antunes defendeu que para o caso português era importante flexibilizar o acesso aos apoios ao rendimento dos agricultores, alterar o modelo de rotação das culturas e derrogação da exigência que prevê uma revisão dos planos estratégicos para cumprir com os objetivos do Pacto Verde. A ministra portuguesa declarou que “somos o segundo Estado-membro com uma percentagem mais baixa de superfície arável, são cerca de 26% (...) com a rotação ou a segunda cultura, estamos a tirar rendimento aos agricultores”. Salientou ainda que “em Portugal, em 2022, a quebra de rendimento situou-se nos 12%, pese embora os apoios extraordinários que nós fomos atribuindo”.
Como resultado da reunião, o Conselho da UE aprovou todas as medidas pela Comissão para uma resposta imediata: isenção para as pequenas explorações agrícolas (com menos de 10 hectares) de alguns controlos verdes para ter acesso a subsídios agrícolas; adiamento por um ano a obrigação de reserva de parte das terras em pousio; derrogação das normas relativas aos pesticidas e redução dos custos administrativos para aceder aos subsídios.
Para além disso, ficou acordado um ajustamento de calendário para a implementação de novas medidas que advenham do Pacto Ecológico Europeu, sendo adiadas para a próxima PAC em 2027.
O comissário da Agricultura, Janusz Wojciechowski prometeu apresentar novas medidas para mitigar os efeitos das exportações ucranianas. Para além das restrições já aprovadas em relação ao comércio, a Comissão apresentará em breve cláusulas de salvaguarda e um travão de emergência para a importação de ovos, frangos e açúcar da Ucrânia. No entanto, quanto aos produtos provenientes da América Latina, admitiu que se trata de uma questão relativa à política comercial da UE, não resultando das regras da PAC.