Milhares de pessoas contestam privatização dos Estaleiros de Viana

01 de outubro 2012 - 19:05

Mais de 2 mil pessoas, entre trabalhadores e reformados dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) e população, saíram esta segunda-feira às ruas daquela cidade, na maior manifestação de sempre, protestando contra a privatização da empresa.

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“Temos vivido um clima de terrorismo psicológico que nos tem sido imposto pela administração. Temos trabalho para fazer e não nos deixam”, acusou o coordenador da Comissão de Trabalhadores dos ENVC. Foto Arménio Belo/LUSA.

Segundo descreve a Lusa, durante mais de uma hora, trabalhadores e população, com cartazes críticos à atuação do Ministério da Defesa, contestaram duramente o processo de privatização em curso e a indefinição dos últimos dois anos. A manifestação partiu da porta da empresa e, ao longo de cerca de três quilómetros, percorreu as principais ruas de Viana do Castelo, até terminar na Praça da República.



“Temos vivido um clima de terrorismo psicológico que nos tem sido imposto pela administração. Temos trabalho para fazer e não nos deixam”, acusou o coordenador da Comissão de Trabalhadores dos ENVC, por entre gritos de “gatunos” e “traidores” dirigidos ao Governo e aos seis deputados eleitos por PSD, CDS e PS no distrito de Viana do Castelo.



“Estes senhores [Governo] querem, desde a primeira hora, livrar-se da empresa. Deviam ter vergonha por nos terem tirado a mais-valia que eram os contratos para a Marinha”, sublinhou António Costa perante as 2 mil pessoas que encheram por completo a principal praça da cidade.



Os trabalhadores insistem que está “em preparação um roubo” à região, prevendo que a venda dos ENVC será feita por um euro “ou nem isso”. “Provavelmente, ainda vão pagar aos privados para ficarem com a empresa, para estes a desmantelarem mais tarde”, afirmou António Costa.



Afirmou ainda que os trabalhadores dos ENVC “estão cansados”, mas “vão continuar a lutar, até às últimas consequências”, pela manutenção da empresa dentro do sector empresarial do Estado.



O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, também integrou a manifestação, afirmando que a venda da empresa representa um “crime de lesa-pátria”, tendo em conta a sua “importância” estratégica.



O Conselho de Ministros definiu recentemente quatro potenciais investidores finais – de Portugal, Brasil, Noruega e Rússia – para a alienação do capital social dos estaleiros, empresas que devem apresentar as propostas vinculativas até 12 de Outubro.