Estados Unidos

Milhares de estafetas exigem contrato à Amazon Flex

13 de junho 2024 - 18:06

Foram 15.800 os estafetas da multinacional que recorreram à arbitragem na tentativa de ver reconhecidos contratos de trabalho. Pretendem serem ainda compensados por salários não pagos, horas extras e despesas relacionadas com o trabalho, como combustível, despesas dos veículos e uso do telemóvel.

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Saco de distribuição da Prime Now.
Saco de distribuição da Prime Now. Foto de ajay_suresh/Flickr.

A Amazon Flex é um serviço de distribuição ao domicílio de bens associado a plataformas como o Prime Now e o Amazon Fresh. Foi fundado em 2015 E segue o mesmo modelo de trabalho do que outras plataformas deste tipo não fazendo contratos de trabalho aos seus estafetas e considerando-os “empresários” que lhe prestariam serviços.

Esta terça-feira, 15.800 estafetas entregaram na American Arbitration Association, um centro de arbitragem norte-americano, processos na tentativa de ver reconhecidos contratos de trabalho com a empresa. Pretendem serem ainda compensados por salários não pagos, horas extras e despesas relacionadas com o trabalho, como combustível, despesas dos veículos e uso do telemóvel. Juntam-se assim a 453 outros casos que já estão a ser analisados.

Estes trabalhadores são dos estados norte-americanos da Califórnia, do Illinois e do Massachusetts nos quais as regras sobre o controlo dos trabalhadores independentes são mais apertadas do que noutros pontos do país. Os advogados Joseph Sellers e Steven Tindall têm vindo a juntar provas desde há quatro anos de que, de acordo com as regras daqueles três estados, estes deveriam ser reconhecidos como trabalhadores da Amazon.

À Reuters, um porta-voz da empresa repete a ladainha das plataformas: “o programa Amazon Flex dá aos indivíduos a oportunidade de fixar o seu próprio horário e de serem só seus próprios patrões ao mesmo tempo que ganham um salário competitivo”. Como sempre, os relatos dos trabalhadores desmentem isto. Dizem que a Amazon não lhes dá as pausas de dez minutos quando os seus turnos duram mais do que três horas e meia e que não dá as pausas de trinta minutos para refeições aos estafetas que trabalham mais do que cinco horas por dia.

Para além disso, as regras da empresa fazem com que apenas sejam pagas um número pré-determinado de horas e não o tempo real que é gasto a distribuir as entregas. Exige-se ainda que o trabalho para além das 40 horas semanais seja contabilizado como extraordinário.

Também um dos sindicatos mais poderosos do país, os Teamsters, estão no terreno a tentar organizar estes trabalhadores. E apresentaram também uma queixa ao regulador federal do trabalho, a National Labor Relations Board, o ano passado a contestar a ausência de contratos de trabalho.