Argentina

Milei derrotado em Buenos Aires

08 de setembro 2025 - 11:50

O presidente argentino dizia que ia meter o “último prego no caixão” do peronismo. Ao invés, teve de reconhecer uma “derrota clara” na maior província do país e com legislativas à porta.

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Imagem da noite eleitoral do Fuerza Patria.
Imagem da noite eleitoral do Fuerza Patria. Foto Axel Kicillof.

Assolado pelo caso de corrupção na compra de medicamentos para pessoas com deficiência que atingiu a sua irmã, que é um elemento chave do governo, e com eleições legislativas nacionais à porta, no próximo dia 26 de outubro, o ultra-liberal de extrema-direita presidente argentino Javier Milei tinha apostado forte nas eleições da província de Buenos Aires, tornando-as uma espécie de plebiscito à sua governação. O objetivo, repetiu à exaustão durante as últimas semanas, era “colocar o último prego no caixão” do principal partido da oposição.

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Só que o resultado saiu ao contrário: sofreu uma “derrota clara”, na sua própria expressão, e os peronistas, organizados no Fuerza Patria venceram com 47,2% dos votos contra 33,7 % do La Libertad Avanza, o partido criado por Milei.

A eleição prefigura os próximos embates, até porque nesta província vive 38% da população do país, e reconfigura o espaço da oposição, fazendo do governador Axel Kicillof a sua grande figura.

Milei prometeu “encarar o futuro” e “corrigir todos os nossos erros” mas também assegurou que vai “acelerar e aprofundar” o rumo económico escolhido e que “não se retrocede nem um milímetro na política do governo”.

Kicillof, apontado às próximas presidenciais, contrapôs: “vai ter de mudar de rumo. As obras públicas não podem ficar paralisadas, os reformados não podem ser atacados, as pessoas com deficiência não podem ser abandonadas. As urnas gritaram que a saúde, a educação, a ciência e a cultura na Argentina não podem ser desfinanciadas. Não se pode governar com ódio, abusos e insultos.” Para ele, Buenos Aires “é um escudo ou uma rede para defender e proteger o nosso povo face à política cruel e impiedosa Governo nacional”.

Nestas eleições tratava-se de uma renovação de metade do senado da província, como acontece de dois em dois anos. Dos 26 lugares em disputa neste órgão, os peronistas alcançaram 13, o partido presidencial oito, o Somos Buenos Aires de direita cinco.

No caso dos 46 lugares de deputados que foram a votos, o Fuerza Patria conseguiu 21, o LLA 18, o Somos Buenos Aires cinco, quase igual à percentagem de votos, e a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores dois com mais de 4% dos votos.

A derrota nas urnas segue-se ainda à primeira derrota de Milei no congresso nacional. O veto presidencial à lei que atribuía mais fundos às pessoas com incapacidades foi aí revertido.