Numa sessão promovida este sábado em Leiria pelo Movimento Enfermeiros Unidos, Mário André Macedo anunciou que em novembro será candidato a liderar a Ordem dos Enfermeiros. "Porque acredito em vocês, acredito nas enfermeiras e enfermeiros deste país, porque não desistimos de lutar, de melhorar a saúde e fazer avançar a profissão", afirmou o enfermeiro das urgências pediátricas do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, onde coordena a Unidade de Epidemiologia e Saúde Pública.
O enfermeiro agradeceu o apoio que tem recolhido nos últimos meses por parte de milhares de profissionais com que se encontrou de norte a sul do país. "Esta sala cheia é apenas mais uma prova disso mesmo. A enfermagem quer mudança e nós não podemos falhar".
Recordando alguns desses diálogos, Mário André Macedo destacou os que lhe agradeciam a "coragem", o que para ele "diz muito sobre o estado atual em que a enfermagem se encontra", em que "para fazer aquilo que deveria ser normal, é necessário coragem e determinação". O agora candidato a bastonário diz que "não deveria de ser assim e temos de mudar esta forma de estar. Porque a enfermagem só é forte se for democrática, e só é democrática se todos contarem".
Na atual Ordem, "nem todos os enfermeiros parecem contar da mesma maneira"
No seu discurso, destacou três grandes problemas no sector da enfermagem. Em primeiro lugar, o das condições materiais, numa altura em que "o salário médio nacional apanhou o salário médio dos enfermeiros, nunca tal tinha acontecido na nossa história" e em que "uma enfermeira que se reforme hoje, terá menos 20% de rendimento que uma colega que se aposentou há 15 anos".
Em segundo lugar, o do "nosso capital social e cultural", delapidado pelo afastamento dos seus representantes nos debates públicos sobre as políticas do sector ou pelo alheamento da Ordem dos Enfermeiros de discussões fundamentais como a da revisão dos estatutos das Ordens Profissionais - o Movimento Enfermeiros Unidos foi o único a ir ao Parlamento apresentar o seu ponto de vista sobre o assunto - "ou de iniciativas da sociedade civil que marcam os nossos tempos e pensam o mundo para lá das paredes da enfermagem".
O terceiro problema prende-se com a democracia e representatividade na profissão, em que apesar de haver 80 mil inscritos na Ordem "nem todos os enfermeiros parecem contar da mesma maneira". Por exemplo, acrescentou, "quem está sozinho, a assegurar um turno da noite numa IPSS não conta. Quem está numa qualquer instituição privada, a trabalhar com dotações inseguras e em situações precárias, não conta. Quem está numa grande urgência do SNS, sem o mínimo de condições materiais, e com a carreira há demasiado tempo estagnada, não conta", lamentou, justificando ser essa a razão da escolha do lema “todos os enfermeiros contam”.