Mais de 800 enfermeiros lançam movimento em defesa da profissão

12 de maio 2023 - 22:24

Estes profissionais juntam-se para “fortalecer o papel da enfermagem, melhorando a qualidade dos cuidados oferecidos à população”. Acreditam que “é inconcebível” o “constante afastamento” dos enfermeiros dos “locais de reflexão, planeamento e decisão em saúde”.

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Logotipo do Movimento Enfermeiros Unidos.
Logotipo do Movimento Enfermeiros Unidos.

Foi lançado esta sexta-feira, o Movimento Enfermeiros Unidos que, segundo a sua apresentação, pretende contribuir para que os enfermeiros possam “construir uma nova relação com a sociedade, crescer e serem reconhecidos”, lançando-se o convite para todos “refletirem connosco sobre a evolução da Enfermagem em Portugal e o caminho que queremos fazer em conjunto”.

Para além das suas redes sociais, este movimento que junta no seu início 850 enfermeiros apresenta-se num artigo do Público, assinado por Mário André Macedo. De acordo com eles, “foi necessária uma pandemia para a sociedade tomar conhecimento do valor que as enfermeiras e enfermeiros acrescentam à saúde da comunidade”. Altura em que “os enfermeiros souberam colocar os interesses do país em primeiro lugar” e “de forma mais tímida, mas também presente, a enfermagem começou a ter voz”, reivindicando-se então “melhores condições de trabalho”, “equipamentos de proteção individual” e “dotações seguras, de forma a prestar os melhores cuidados ao cidadão”.

Destacando serem “o maior grupo profissional na saúde” e realçando serem “determinantes do acesso aos cuidados de saúde”, acreditam ser “inconcebível o constante afastamento dos locais de reflexão, planeamento e decisão em saúde”. Criticam assim não haver “preocupação, de nenhum dos atores relevantes da saúde, em maximizar o enorme contributo que a enfermagem pode dar à sociedade. Quer seja por estarem presos a amarras corporativistas, a receios políticos de promover a mudança, ou, não menos grave, a uma conceção da profissão que a reduz a meros atos mecânicos”.

Outra das suas críticas vai no sentido de que os “milhares de intervenções e atos que, de forma informal, são efetuados e prescritos pelos enfermeiros” “não saem do âmbito da informalidade, ficando o ato formal reservado para outros profissionais”. De acordo com ele “isto cria um claro dano à profissão, pois a autonomia é condicionada e a responsabilização retirada”. Pugna-se pois por uma “uma arquitetura de divisão de responsabilidades totalmente diferente” que é pensada “à semelhança do que acontece em muitos outros países da OCDE, onde compete à enfermagem a observação e avaliação de pessoas saudáveis, o seguimento de doentes crónicos não agudizados, ou até, a primeira abordagem em doença aguda”.

Para além disso, afirmam que “a grande mudança na enfermagem, adiada há demasiado tempo, é a evolução para o mestrado integrado em ciências da enfermagem”, acreditando que isso “tem de ser uma realidade já a curto prazo”.

Sobre a Ordem dos Enfermeiros, escrevem que esta “deve cultivar e manter com a comunidade uma relação de confiança, para que as suas ações e intervenções sejam respeitadas” e deve “refletir de que forma consegue influenciar o ecossistema de saúde”. Isto porque “o sistema está desnivelado”. Querendo com isto dizer que “a maioria dos resultados positivos obtidos no âmbito da qualidade em saúde, são da responsabilidade de avaliações e intervenções das enfermeiras e enfermeiros. No entanto, o financiamento hospitalar é essencialmente fruto da produção médica”. Pretende-se assim “fortalecer o papel da enfermagem, melhorando a qualidade dos cuidados oferecidos à população”.

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