Lusa e RTP com forte adesão à greve

24 de novembro 2010 - 18:00

Na Lusa, a greve registou uma forte adesão entre os jornalistas ao serviço na sede da empresa. O piquete da manhã paralisou a 100%. Já os trabalhadores da RTP denunciaram que o canal público recorreu à contratação por outsourcing para minimizar falhas deixadas pela Greve Geral.

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A falta de técnicos de iluminação e som fez com que o programa Bom Dia, na RTP1, fosse emitido com 35 minutos de atraso.

Segundo o Sindicato de Jornalistas a greve na Agência Lusa registou uma enorme adesão entre os jornalistas ao serviço na sede da empresa. O piquete da manhã paralisou a 100 por cento.

O sindicato adianta que não há quaisquer jornalistas a trabalhar nas secções de Política e Cultura, e no Internacional/Lusofonia está presente apenas uma pessoa contratada a recibo verde. Nas secções Sociedade e País estão presentes apenas os respectivos editores, e na Economia estão a editora, um adjunto, um jornalista a prazo e outro a recibos verdes. Na Multimedia está o editor e um adjunto, no Desporto um editor, na Fotografia um editor adjunto e um jornalista a prazo e na Agenda o editor e um jornalista.

A jornalista de serviço no turno da madrugada fez greve mas a empresa recorreu a um jornalista de Macau para a substituir. Estão igualmente presentes três correspondentes no estrangeiro actualmente a receber formação em Lisboa.

A trabalhar, na sede em Lisboa, estão pessoas da Direcção de Informação e parte da chefia de Redacção. Na Delegação de Coimbra, os quatro jornalistas pertencentes ao quadro da empresa estão em greve. No Porto, dos jornalistas do quadro, nove estão a trabalhar (incluindo chefias) e cinco em greve.

Reunidos à porta da empresa, durante a tarde, vestidos de preto, os jornalistas temem pelos postos de trabalho e pelo futuro incerto da empresa: "A área de back office, que integra cerca de 40 trabalhadores corre riscos de desaparecer com a possível agregação à RTP. A Lusa tem uma identidade própria. Não nos queremos juntar a um cliente. onde ficaria a nossa independência?", questiona Luís Teixeira, do Sindicato dos Gráficos e Imprensa, citado pelo Público.

Canal público com bastantes perturbações na programação devido à greve

Segundo Clarisse Santos, secretária-geral do Sindicato dos Meios Audiovisuais e trabalhadora da RTP desde 1987, e participante do piquete de greve que começou às 8 da manhã, os técnicos de iluminação da casa receberam por sms, na véspera, ordens para que “viessem trabalhar hoje num turno que iria das oito da manhã às 24”. "Foi uma mensagem enviada pelas 18h30 de ontem, sendo que os turnos só podem ser marcados até às 17h00 do dia anterior".

O Sindicato dos Jornalistas garante que a greve geral teve efeitos na emissão da RTP1 e dá exemplos: “o programa Bom Dia foi para o ar com 35 minutos de atraso”, devido à falta de técnicos de iluminação e som. Segundo um comunicado do Sindicato dos Jornalistas, só foi possível pôr no ar o programa matinal graças “à intervenção de uma empresa externa que trabalha para a RTP”. O Praça da Alegria foi gravado e não em directo, como é habitual.

Ainda segundo o mesmo sindicato, o Jornal da Tarde também acabou por ser “prejudicado” pela falta de meios técnicos e humanos. E os directos só terão sido possíveis porque a administração da empresa “alugou um carro de satélite a uma empresa externa”.

Os sindicalistas garantem que “em Lisboa, na parte da manhã, 21 dos 31 câmaras não trabalharam”, enquanto no Porto apenas dois dos 13 operadores de imagem estiveram ao serviço

Segundo o comunicado do sindicato “já da parte da tarde, nos estúdios da Televisão em Lisboa, a maioria dos jornalistas da secção de Sociedade estava em greve, enquanto na secção de Política apenas estavam a trabalhar a chefia e um jornalista”.

Em declarações ao SOL, a RTP reconhece que “a greve teve um impacto significativo nalguns sectores” da empresa.

Luto nos Açores

Jornalistas e técnicos que na cidade da Horta fazem a cobertura dos trabalhos da Assembleia Regional dos Açores (cerca de uma dezena) estiveram hoje sentados nas bancadas do público, vestidos de negro, marcando desta forma a sua adesão à greve. 

Termos relacionados: SociedadeGreve Geral 24 Nov