Esta quinta-feira, o Bloco foi à concentração de trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD), solidarizando-se com a luta destes trabalhadores, que já é longa e que o partido tem acompanhado.
Em declarações ao Esquerda.net, Mariana Mortágua lembrou que “a CGD apresenta lucros recorde, que estão a ser conseguidos à custa da rejeição de direitos laborais”, com o banco público a congelar carreiras e não admitir aumentos salariais. A esse respeito, a coordenadora bloquista referiu que a “CGD recusou-se a fazer o aumento salarial intercalar que o Governo aprovou para toda a Função Pública, de 1% em 2023”.
Ao mesmo tempo, a CGD demite-se de garantir um “ambiente de trabalho e investimento nos serviços da instituição bancária que garanta que a Caixa é uma referência nacional no sistema bancário”.
“Esta política, centrada apenas no lucro, está a degradar o serviço da CGD”, alertou Mariana Mortágua, assinalando que “a própria DECO diz que 30% de todas as queixas do sistema bancário são queixas sobre a CGD”.
“Estes trabalhadores, mais do que os atropelos aos seus salários, aos seus direitos, denunciam um clima de trabalho que não é propício à qualidade dos serviços, e denunciam o desinvestimento da administração nessa mesma qualidade, em prol de uma lógica de lucro de curto prazo”, explicou a dirigente do Bloco.
Mariana Mortágua considera que, desta forma, a “CGD demite-se do seu papel enquanto banco público, que deveria estar focado nos instrumentos produtivos do país, em ajudar as pessoas nos créditos à habitação, em ter um referencial de justiça no crédito à habitação, e em garantir condições dignas de trabalho e um bom serviço a toda a população em todo o território nacional”.
Trabalhadores da Caixa viram o banco transformar-se em "promotor de trabalho precário”
Numa moção aprovada na manhã desta quinta-feira em plenário de delegados sindicais, é denunciada a “continua degradação das condições de trabalho, traduzida no insuficiente número de trabalhadores, na falta de material de trabalho básico, nos programas informáticos deficitários, na pressão exercida para o cumprimento de objetivos inexequíveis, no recrudescimento de casos de assédio e de agressões de clientes a trabalhadores da Rede Comercial”.
Os trabalhadores dão ainda conta de como a CGD procura “ocultar os milhares de horas extraordinárias não-remuneradas”, e “a injustiça que continua a ser a não reposição dos quatro anos na carreira que indevida e injustamente foram retirados”.
Conforme é sublinhado, a recusa, por parte da CGD, a fazer o aumento salarial intercalar que o Governo aprovou para toda a Função Pública “reflete um ato de pura e desmedida ganância”.
Os trabalhadores referem ainda que a redução de milhares de trabalhadores e o encerramento de balcões se traduz na degradação dos serviços prestados e no consequente aumento das reclamações e avaliações negativas, e que o recurso à figura do outsourcing, “cada vez mais forte”, tem feito do banco público “um promotor de trabalho precário”.