Em 2023, os bancos bateram recordes de lucros, mas este ano voltaram a bater. Apesar dos conflitos geopolíticos, que criariam situações de “incerteza”, e apesar das descidas das taxas de juro, os bancos continuam a lucrar milhares de milhões enquanto as pessoas perdem poder de compra.
A tendência de Portugal refletir-se-á também na Europa. Até setembro, os lucros dos cinco maiores bancos a operar em Portugal subiram 19% face ao mesmo período no ano anterior. Foram 3.900 milhões de euros os lucros agregados registados pela Caixa Geral de Depósitos, o BCP, o Novo Banco, o BPI e o Santander Totta.
O economista e presidente da Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, estimou que os cinco maiores bancos fechem o ano com lucros agregados de 5.000 milhões de euros, segundo a Lusa. Filipe Garcia considerou o valor “excessivo” uma vez que os lucros são feitos à custa dos clientes.
“Tendo em conta a evolução da economia, e todo este contexto, não é uma mensagem fantástica ter este tipo de lucros e este tipo de pagamento de dividendos. Bem sei que não é só em Portugal, mas os lucros da banca em Portugal serão sensivelmente 2% do PIB [Produto Interno Bruto] e eu, que até sou de mercados, discuto se os acionistas dos bancos devem receber 2% do PIB. Parece-me um valor bastante exagerado”, disse à Lusa.
O contexto de que fala é a crise de habitação e o aumento de custo de vida que se sente em Portugal e que tem reduzido o poder de compra e os salários reais dos trabalhadores portugueses, enquanto os bancos continuam a lucrar com spreads altos na taxas de juro.
