O manifesto da Marcha pelo Fim da Violência contra as Mulheres 2023, aberto a subscrições, começa com uma referência ao genocídio levado a cabo por Israel na Faixa de Gaza. Este ano, a Plataforma Unitária de solidariedade com a Palestina também convoca para a Marcha, indo usar da palavra no final da manifestação.
A iniciativa conta já com um longo historial, saindo desde 2011 às ruas a 25 de novembro para “gritar bem alto: basta de violência machista!”.
No documento são citados os números da vergonha da violência machista em Portugal, sendo ainda assinalado que, “olhando as opressões de uma forma interseccional, o risco de se ser alvo de violência aumenta quando o género feminino se cruza com outras identidades exploradas e oprimidas”. Isso é o que acontece, por exemplo, com as mulheres e raparigas com deficiência, as mulheres migrantes, as pessoas trans ou as trabalhadoras do sexo.
A Marcha pelo Fim da Violência Contra as Mulheres quer romper com esta estatística. Lembrando as consequências da crise da habitação e do aumento do custo de vida, que estão a obrigar mulheres a permanecerem em casa com os seus agressores, os casos de assédio na escola e no trabalho, bem como os sucessivos casos de abuso nas instituições de pessoas com deficiência, a Marcha deixa algumas exigências.
Em causa está o reforço dos apoios de emergência e de médio prazo; o aumento dos meios disponíveis para a prevenção; a aposta numa educação libertadora que rompa com a desigualdade e com a violência; uma sociedade e um Estado comprometido em acabar com as injustiças sociais; e uma vida digna para todas as pessoas.
No manifesto é feita também referência aos constrangimentos no acesso ao aborto, bem como ao desrespeito pela autonomia sexual das mulheres com deficiência. E são lembrados os casos de violência contra Cláudia Simões e Keyla Brasil.
Por fim, fica o desafio: marchar “por uma sociedade livre e igualitária, que não tolere a desigualdade, o preconceito e a discriminação” e pelo fim da “violência em todas as formas”.
“Marchamos para exigir medidas concretas, para que uma cultura de não violência seja uma realidade nas escolas, no trabalho, nos quotidianos das mulheres e na política internacional”, lê-se no documento.
A Marcha pelo Fim da Violência contra as Mulheres 2023 é organizada pelos seguintes coletivos: Organização da Marcha: As DEsaFiantes, As Feministas.pt, ANIMAR, APDMGP, Baque Mulher, Centro de Vida Independente, Casa do Brasil, Clube Safo, FEM - Feministas em Movimento, GAT - Grupo de Ativistas em Tratamentos, HeForShe ULisboa, ILGA Portugal, Manas, Movimento dxs Trabalhadorxs do Sexo, Núcleo Feminista FDUL, OVO.PT, Panteras Rosa, Por Todas Nós, SOS Racismo, UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta.