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Líder do Podemos na Andaluzia anuncia saída do partido

Teresa Rodríguez e Pablo Iglesias anunciaram juntos num vídeo nas redes sociais a saída da líder do Podemos Andaluzia, uma das dirigentes do setor Anticapitalistas, crítico da participação no governo com o PSOE.
Teresa Rodríguez.
Teresa Rodríguez na conferência de imprensa desta quinta-feira.

Numa iniciativa inédita, a separação política entre o líder estatal do Podemos e a líder do partido na Andaluzia foi anunciada num vídeo com os dois protagonistas a explicarem as suas razões. Na origem desta "separação amistosa" estão divergências estratégicas que não são novas e que se aprofundaram no atual contexto político espanhol, com a formação do governo PSOE/Podemos.  Ambos reconheceram o muito que os une e o trabalho comum que terão pela frente e a mensagem conjunta termina com um abraço, numa forma de demonstrar que também as separações políticas se podem fazer cordialmente e sem trocas de acusações.

A tensão entre a ala do partido protagonizada por Teresa Rodríguez — a corrente Anticapitalistas — e a direção de Pablo Iglesias não é nova, com a apresentação de documentos estratégicos alternativos em cada congresso do Podemos. Mas ficou mais evidente com a escolha de entrar no governo com o PSOE, decisão sufragada pela grande maioria dos aderentes do partido.

Essa tensão desenvolveu-se também na relação entre a organização andaluza e a estatal, com a primeira a reclamar maior autonomia e a seguir uma escolha estratégica que passou pela criação do Adelante Andaluzia, em conjunto com a Esquerda Unida e outras organizações soberanistas andaluzas, na lista que foi a votos nas últimas eleições regionais.

“Dentro do Podemos não podemos alcançar o objetivo de ter uma organização mais andaluza, mais descentralizada e independente do PSOE para criar uma alternativa à direita”, afirmou Teresa Rodríguez em conferência de imprensa esta quinta-feira, onde anunciou que não será candidata à próxima direção do Podemos na Andaluzia e se dedicará à construção do Adelante Andaluzia para “ocupar essa orfandade de um sujeito político andaluz”.

A decisão foi tomada “após um acordo com a direção estatal” e Teresa Rodríguez diz acreditar que “é possível continuar a trabalharmos juntos a fazer política com colaboração em vez de competição”. Trata-se de “uma separação compreensiva, afetuosa e empática”, sublinhou.

O acordo alcançado permitirá aos deputados do Podemos Andaluzia que acompanhem Teresa Rodríguez manterem os mandatos no parlamento andaluz. “Vamos construir com todo o empenho esse sujeito próprio andaluz num momento em que o debate territorial está aceso e a Andaluzia está ausente”, prosseguiu Teresa Rodríguez, para tornar o Adelante Andaluzia numa força política “ecologista, feminista e da classe trabalhadora” que evite “que a direita continue a governar daqui a quatro anos”.

“Convocamos o povo andaluz para construir de forma aberta este projeto político que é o Adelante Andaluzia”, concluiu a ainda líder do Podemos Andaluzia, rodeada pelos membros da sua direção, sem querer adiantar se este anúncio corresponde também ao anúncio de saída de toda  a corrente Anticapitalistas.

Teresa Rodríguez reconheceu no entanto que “não conseguimos ser capazes de ser maioria no Podemos ou de convencer os companheiros de que não era boa ideia entrar num governo com o PSOE”, pelo que está em aberto a possibilidade de “construir espaços próprios que depois possam colaborar e até mesmo confluir”, como espera que aconteça também na Andaluzia.

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