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Juros da dívida voltam a subir após revisão em baixa da Fitch

Agência de notação financeira Fitch cortou a avaliação da evolução da dívida portuguesa a longo prazo. Divergência na zona euro acentua-se: juros sobem também em Itália e Espanha, mas caem na Alemanha.
Fitch Ratings. Foto: Bertrand/Flickr
Fitch Ratings. Foto: Bertrand/Flickr

Os juros da dívida pública portuguesa voltaram a registar um aumento acentuado na reabertura dos mercados, nesta segunda-feira. Os juros dos títulos de dívida com maturidade a 10 anos (que são usados como referência neste tipo de análise) subiram para 0,978%, um aumento de 3 pontos base.

Este aumento surge na sequência da revisão em baixa da qualidade da dívida portuguesa pela Fitch, uma das principais agências de notação financeira. Na sexta-feira, a Fitch anunciou um corte da perspetiva da evolução de longo prazo da dívida portuguesa, que passou de “positiva” para “estável”. A avaliação estava prevista para 22 de maio, mas a agência decidiu antecipar-se e anunciar já esta revisão em baixa, já que os “desenvolvimentos no país justificam este desvio no calendário”.

No relatório, a agência diz que a revisão "reflete o impacto significativo que a pandemia global de covid-19 está a ter na economia portuguesa e na situação orçamental do país.” Certo é que o impacto não se fica pela economia portuguesa: desde o início do mês, tem-se acentuado a divergência entre os juros da dívida de países como Portugal, Espanha ou Itália, que têm subido, e os da Alemanha, que estão em queda. Esta tendência explica-se pelo facto de, em tempos de instabilidade financeira, os investidores procurarem refúgio em ativos considerados mais seguros, como os títulos do tesouro alemães.

Divergência na zona euro: juros da dívida sobem na periferia, mas caem na Alemanha

Divergência na zona euro: juros da dívida sobem na periferia, mas caem na Alemanha. Gráfico publicado no Jornal de Negócios.

 

Ao contrário da última crise, desta vez o BCE tem atuado desde o início de forma a injetar liquidez nos mercados e evitar a escalada dos juros da dívida dos países periféricos, mas a verdade é que a divergência na zona euro se tem acentuado e que esta volta a expor os desequilíbrios da moeda única.

 

A tendência que se tem verificado em abril confirma que as condições de financiamento se agravarão para os países que já têm stocks de dívida elevados, sendo provável que o endividamento aumente bastante devido ao impacto económico da pandemia. Sem respostas europeias ambiciosas, o futuro da zona euro volta a estar em risco.

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