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Japão terá novo primeiro-ministro

Yoshihiko Noda eleito só à segunda volta presidente do Partido Democrático do Japão, entre cinco candidatos. Desafio será empurrar goela abaixo dos trabalhadores a famigerada reforma fiscal.
Noda não conseguirá realizar a maioria das tarefas que lhe são exigidas, principalmente tirar o Japão da rota da recessão. Foto wikimedia commons

Yoshihiko Noda foi eleito esta segunda-feira para ser o novo presidente do Partido Democrático do Japão, Como consequência disso, o seu nome será levado à votação no parlamento, na terça-feira, para ser o novo primeiro-ministro, em substituição ao desastroso Naoto Kan.

A eleição de Noda, em primeiro lugar, demonstrou a grave crise que vive o seu partido. A maior comprovação disso foi a aparição de nada menos de cinco candidatos nas eleições partidárias, sem que estivesse claro quem era o favorito. Noda foi eleito na segunda votação, obtendo 215 votos contra 177 de Banri Kaieda. Na primeira votação, Noda havia ficado em segundo lugar com apenas 102 votos. Kaieda, que pertence ao grupo do ex-primeiro-ministro Yukio Hatoyama, obteve 143 votos na primeira votação, recebendo apoio também de Ichiro Ozawa, um dos caciques do PDJ. Com o PDJ bem dividido, Noda já terá desde o começo problemas para ordenar a sua própria casa.

Governar um dos principais países imperialistas não é uma tarefa simples. Mais ainda se esse país está em franco declínio há duas décadas, tendo passado do segundo posto para o terceiro na economia mundial, suplantado pela China. O que já era uma tarefa difícil foi agravado pelo tragédia do 11 de Março, que destruiu parte do nordeste do país, devastado pelo terremoto de magnitude 9 e o poderoso tsunami, que também provocou a actual crise nuclear.

O reaccionário Partido Liberal Democrático, que liderou o Japão do pós-guerra, também foi o principal responsável por ter levado o país ao caminho da decadência. Com relação a Noda, o seu partido, o PDJ, já teve dois gabinetes que naufragaram, o de Yukio Hatoyama e o de Naoto Kan. Noda foi Ministro das Finanças do gabinete Kan, que levou o Japão ao estado actual. Esperar que Noda possa reinventar o imperialismo japonês é pedir demasiado. O mais provável é que, a exemplo de Kan, o seu governo dure poucos meses. Ele recebe um país muito pior do que receberam Hatoyama e Kan e, se quiser sobreviver, terá de realizar o maior ataque aos trabalhadores desde a derrota japonesa, na segunda Guerra Mundial.

Para poder governar a médio prazo terá de empurrar goela abaixo dos trabalhadores a famigerada reforma fiscal. Um dos pontos dessa reforma é aumentar o imposto sobre o consumo dos actuais 5% para 10% ou muito mais. Sem isso, do ponto de vista imperialista, não há como suportar os diversos planos governamentais, como a reconstrução do nordeste, a superação da actual crise energética, que impossibilita o pais de crescer, ou a nova proposta de emprestar dinheiro para que as empresas japonesas comprem empresas no exterior. Coisa que já vem ocorrendo devido à diminuição do mercado interno e a apreciação do iene, que torna as empresas de outros países compras baratas. Na impossibilidade de se crescer no mercado interno, pode ser também a única alternativa de sobrevivência na actual situação.

Noda não conseguirá realizar a maioria das tarefas que lhe são exigidas, principalmente tirar o Japão da rota da recessão. Mas, a principal delas, sem dúvida, será a de derrotar os trabalhadores japoneses e infligir o maior perto económico já visto pela actual população nipónica.

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