Hospital de Santa Maria vai reencaminhar grávidas para o privado

02 de julho 2023 - 22:42

Após demitir o chefe do Departamento de Obstetrícia por ter criticado o encerramento do bloco de partos no verão, a administração justifica a medida com a demissão dos chefes de urgência em resposta ao saneamento e a recusa dos médicos em ultrapassarem o limite anual das 150 horas extraordinárias.

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Hospital de Santa Maria.
Hospital de Santa Maria. Foto CHULN

Em comunicado citado pelo Diário de Noticias, a administração do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHULN) avisa que as grávidas de baixo risco referenciadas pelo Hospital de Santa Maria poderão vir a ter o seu parto em unidades hospitalares privadas. A decisão foi tomada em conjunto com a direção executiva do SNS, mas o comunicado do CHULN aponta a responsabilidade aos médicos que têm criticado o encerramento do bloco de partos desse estabelecimento hospitalar durante o verão e a concentração de serviços no Hospital São Francisco Xavier.

A administração diz que vai encaminhar as grávidas para o privado "na sequência da indisponibilidade de prestação de trabalho extraordinário acima das 150 horas anuais assumida por médicos do Departamento e da demissão de chefes de equipa da Urgência de Obstetrícia e Ginecologia".

Esta demissão ocorreu após o afastamento de Diogo Ayres de Campos da direção do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução (DOGMR).

O médico tinha sido o primeiro subscritor de uma carta à administração do Santa Maria, assinada por 34 dos 37 médicos do departamento. A missiva elencava as suas preocupações com o plano traçado pela Direção Executiva do SNS para a resposta de Obstetrícia e Ginecologia durante agosto e setembro, quando os serviços estarão concentrados no Hospital São Francisco Xavier.

Os encaminhamentos para o privado são anunciados como "programados e temporários" e destinado "apenas a grávidas de baixo risco referenciadas e transportadas pelos meios do CHULN e do INEM", não estando em causa a "resposta de fim de linha de rede" e os partos de alto risco.