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Hospital da Luz obriga a trabalho presencial em call centers onde falta proteção

Segundo o site Despedimentos.pt, em denúncia divulgada pela Plataforma Resposta Solidária, o grupo Luz Saúde está a obrigar os seus operadores de call center em Lisboa e Vila Real a irem trabalhar sem medidas de proteção suficientes face à pandemia.
Hospital da Luz, Oeiras. Fotografia do site Hospital da Luz/DR.

A Plataforma Resposta Solidária tornou público que o Grupo Luz Saúde está a forçar a maioria dos seus trabalhadores nos call centers  do Hospital da Luz, em Lisboa e Vila Real, a irem trabalhar nas suas instalações sem cumprirem as normas de distanciamento ou material de proteção suficiente, pode ler-se no site Despedimentos.pt.

O teletrabalho é obrigatório desde 21 de março, quando as possam ser realizadas à distância. Contudo, a empresa está a impor o trabalho presencial justificando que não conseguiu criar os recursos tecnológicos necessários (uma VPN por trabalhador) para que todos os trabalhadores desenvolvam o seu o trabalho à distância, apesar de ter sido criado um software para as teleconsultas para que os quadros superiores pudessem trabalhar a partir de casa.

Aos vários pedidos de passagem para teletrabalho dos trabalhadores, as chefias terão imposto duas opções: “ou usam banco de horas, ou tiram dias de férias. No entanto, segundas e terças, toda a gente tem de cá estar obrigatoriamente e as folgas vão sendo revistas e trocadas semanalmente". Com esta presença obrigatória, a empresa não criou condições sanitárias para que os operadores possam trabalhar em segurança.

O distanciamento é uma prática impossível, dado que os postos de trabalho se encontram todos a menos de um metro de distância. As práticas de desinfeção e proteção são claramente insuficientes, com os trabalhadores a terem indicações para que no início do turno tirem uma toalhita por dia (daquelas de limpar os rabinhos aos bebés) e colocássemos um pouco de solução antisséptica hospitalar, e para passarmos no nosso posto (rato, teclado, cadeira, mesa, etc.)." Contudo, refere outro colaborador, “quase nunca há álcool para desinfetar o nosso equipamento" e os profissionais de limpeza têm instruções para limpar centenas de computadores “com o mesmo pano e uma solução qualquer". “Nós temos todos medo de ir trabalhar. Não estamos seguros. Temos ansiedade, pânico, raiva, exaustão.”, refere um dos trabalhadores.

Esta situação não é nova, bem pelo contrário. Os problemas relacionados com a segurança sanitária e o Covid-19 nos call centers já tinham sido denunciados pelo sindicato dos Trabalhadores de Call Center, que partiram para uma greve como resposta à falta de condições de proteção para desenvolverem o seu trabalho em segurança.

O grupo Luz Saúde é um dos maiores grupos de saúde privada em Portugal, contando com 27 unidades hospitalares (25 unidades Hospital da Luz e 2 unidades Hospital do Mar) e uma parceria público-privado para o Hospital Beatriz Ângelo. Em 2018 este hospital faturou 544,9 milhões de euros, com um lucro de 13,8 milhões de euros, pode ler-se no site Despedimentos.pt.

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