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Call Centers em Greve por medidas de proteção contra pandemia

Sindicato denuncia condições desadequadas e situação de risco de muitos trabalhadores de call center. Estado de Emergência apenas exclui da greve serviços vitais.

Em declarações prestadas à Lusa, o Sindicato dos Trabalhadores de Call Center (STCC) afirma que “ainda há muitos call-center em que trabalhadores estão uns em cima dos outros sem qualquer distanciamento, os espaços são poucos e de curta dimensão, os espaços de refeição estão cheios, as casas de banho são poucas face ao elevado número de trabalhadores, os elevadores andam lotados em edifícios que chegam a ter mais de 10 andares, há falta de limpeza, falta gel desinfectante (muitas vezes são os trabalhadores que de sua iniciativa levam material de limpeza) e sabonete nas casas de banho, as portas internas estão fechadas obrigando a usar as mãos para entrar e sair”.

Em Portugal os call centers empregam cerca de 100 mil pessoas e a precariedade é condição comum a todas. Trabalham a recibos ou com contratos de muito curta duração, que se renovam indefinidamente, habitualmente sub-contratados. Horários desfasados, tempos de trabalho e pausas controladas para lanche ou ida à casa de banho. A um trabalho instável e com riscos variados, nomeadamente de saúde, a condição de vulnerabilidade de quem desempenha estas funções agravou-se brutalmente com a atual pandemia.

Dada a situação, o STCC convocou uma greve que iniciou na passada 3ª feira e que se prevê durar até dia 5 de Abril. Segundo o comunicado do sindicato (disponível aqui), de 21 de março, os trabalhadores grevistas exigem mais condições de segurança contra o surto covid-19, nomeadamente a “suspensão imediata da atividade de todos os call-centers que não exerçam funções socialmente imprescindíveis”, o teletrabalho para os que mantenham atividade e a manutenção dos rendimentos de todos os que entrarem em quarentena.

Apesar de decretado o Estado de Emergência, a greve continua, pois este só suspende greves que comprometam “o funcionamento de infraestruturas críticas ou de unidades de prestação de cuidados de saúde, bem como em setores económicos vitais para a produção, abastecimento e fornecimento de bens e serviços essenciais à população”, tendo alertado o STCC os trabalhadores e trabalhadoras que desempenham funções de “produção, fornecimento e piquetes de emergência para avaria de água, gás, eletricidade, comunicações, transportes públicos, viaturas particulares, bem como os bens e serviços de carácter básico como a produção e fornecimento de bens alimentares”.

De acordo com o jornal Público, o direito à greve está a ser utilizado como forma de proteção dos trabalhadores também a nível internacional, é exemplo o caso de Itália, onde as centrais sindicais denunciam que há milhões de trabalhadores a desempenhar funções não essenciais ou sem meios de proteção adequados (ex: metalúrgicos, profissionais do têxtil e do sector bancário, entre outros), ameaçando a realização de greve geral para “salvar vidas”.

 

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