Grécia: Greve Geral em defesa da televisão e rádio públicas

12 de junho 2013 - 16:03

As centrais sindicais gregas convocaram greve geral para amanhã, 13 de junho, em defesa da televisão e rádio públicas e em solidariedade com os trabalhadores da ERT. A decisão governamental de encerrar a ERT provocou a indignação da população, mas também está a gerar uma onda de solidariedade. A CT da Lusa manifestou solidariedade com os trabalhadores da ERT.

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Concentração junto às instalações da ERT nesta quarta-feira, 12 de junho - Foto de keeptalkinggreece.com

Jornalistas e trabalhadores da ERT continuam concentrados nas instalações da empresa e transmitem uma emissão em direto, com a ajuda da empresa de telecomunicações OTE. Os trabalhadores da OTE desafiaram a diretiva do governo de cortar os serviços à ERT. Os sites gregos estão a difundir a emissão em stream vídeo.

O governo ameaça ainda os trabalhadores da ERT com o recurso à polícia para os expulsar das instalações. Milhares de pessoas estão concentradas no local e, para o final da tarde desta quarta-feira, está marcado um concerto junto às instalações da ERT, de solidariedade com os trabalhadores da empresa pública de audiovisual e em defesa da rádio e televisão públicas.

Dimitri Lesa da agência ANA/MPA disse à Lusa: "Ficámos todos chocados com o anúncio. Não é segredo que a emissora pública precisa de reorganização e poderia haver uma reestruturação e um corte nas despesas, mas encerrar a emissora pública é uma medida dramática que não encontra apoio junto dos jornalistas e da sociedade em geral".

O líder do Syriza, Alexis Tsipras, vai pedir ao Presidente da República da Grécia, Carolos Papoulias, que se recuse a assinar a ordem de encerramento da ERT.

À ERT têm chegado mensagens de solidariedade do mundo inteiro, nomeadamente da emigração grega. O arcebispo ortodoxo Ieronymos disse que a emissora estatal fora "violentamente" encerrada e que milhares de funcionários da ERT estavam a ser "sacrificados" para pagar décadas de administração danosa.

O próprio governo está completamente dividido, tendo até o Pasok e a Esquerda Democrática declarado que discordam do encerramento da ERT. Note-se que o encerramento da empresa pública de rádio e televisão é feito num momento em que a troika se encontra no país a fazer nova avaliação.

O sindicato dos jornalistas convocou uma greve de 48 horas para os órgão de comunicação social privados, que começou às 6 horas desta quarta-feira.

As duas principais centrais sindicais gregas, GSEE do setor privado e ADEDY do setor público, convocaram greve geral de 24 horas para esta quinta-feira, 13 de junho.

A GSEE qualifica a decisão do governo de Samaras como “um golpe de Estado” e critica "a persistência do Governo de assumir decisões antidemocráticas extremas".

A Adedy denuncia "a morte brutal da ERT por um decreto legislativo (...), cujo objetivo é a supressão de organismos públicos e o despedimento de 14.000 funcionários" no âmbito das políticas de austeridade.

A CT da agência Lusa manifestou nesta terça-feira à noite a “total solidariedade” com os trabalhadores da ERT.

A CT da Lusa recorda que na segunda-feira os elementos da troika regressaram à Grécia para mais uma ronda de avaliação das políticas gregas face à ajuda internacional e que entre as reformas exigidas pelos organismos internacionais está a “redução drástica” do número de funcionários públicos, “ 2.000 até ao fim deste mês, e a fusão ou encerramento de organismos públicos”.

A CT da Lusa lamenta que a austeridade seja aplicada “desta forma contra organismos vitais para a democracia de qualquer país, como é o caso da estação de televisão do Estado grego, pois a manutenção do serviço público de notícias garante não só a pluralidade e a difusão dos acontecimentos de interesse coletivo, mas também o acompanhamento do quotidiano das populações nas mais variadas geografias, salvaguardando desta forma o direito da sociedade em estar informada”.