Na pergunta endereçada a Ana Mendes Godinho, o deputado José Soeiro refere que o grupo parlamentar do Bloco teve conhecimento de que “a empresa prepara um despedimento coletivo de 400 trabalhadores nas unidades industriais de Joane, Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga, e Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo.
“O Bloco de Esquerda está solidário com estes trabalhadores e trabalhadoras e considera inaceitável a forma como uma empresa que não só anuncia falta de mão-de-obra em 2022, como lhe é aprovada uma recapitalização no contexto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sendo considerada uma empresa viável, mas que pode vir agora a efetuar um despedimento coletivo”, lê-se no documento.
José Soeiro esclarecimentos ao Governo no sentido de saber se o executivo está a par da intenção da empresa de avançar com o despedimento coletivo, se a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) está a acompanhar a situação e quais as ações que já foram desencadeadas. O deputado bloquista questiona ainda se foi comunicada à Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho algum despedimento coletivo por parte da empresa.
Conforme assinala o Bloco, a Coindu foi fundada em 1988 e dedica-se à produção de capas para assentos de automóveis de marcas de automóveis como Lamborghini, Audi, BMW, Porsche, Ford, Mini, Suzuki, entre outras. A empresa “emprega mais de 6.000 trabalhadores distribuídos pelas unidades industriais de Joane, empresa sede, (2.100), Arcos de Valdevez (811), Roménia (1.558), México (999) e na Alemanha”.
José Soeiro lembra que, “em 2022, o presidente do conselho de administração da Coindu, António Cândido Pinto, referiu que grupo obteve mais de 700 milhões de euros, sendo que só a fábrica de Joane representou metade desta faturação”. E que, também no ano passado, o mesmo administrador queixava-se que “precisava de aumentar a capacidade de produção e que não conseguia atrair trabalhadores”, manifestando “a intenção de expandir as unidades industriais”.
Em resposta a um pedido de esclarecimento da agência Lusa, a administração da fábrica da Coindu em Arcos de Valdevez alegou, na segunda-feira, que “a necessidade de recurso ao despedimento coletivo decorre da descontinuidade de alguns projetos que tivemos até à data” E garante que “iniciou o processo, respeitando, de forma integral e escrupulosa, a lei”.
A Coindu assinalou ainda que “a intenção de proceder a um despedimento coletivo abrange 103 dos 2.300 trabalhadores ao serviço da empresa, não havendo lugar ao encerramento de qualquer das suas unidades de produção”.
“Trata-se de um procedimento transparente e fundamentado, que vem decorrendo com a maior serenidade e com a compreensão por parte dos trabalhadores da Coindu”, frisa a empresa, garantindo que vai “continuar a mover esforços no sentido de conseguir novas nomeações de projetos e manter em pleno funcionamento todas as unidades de Portugal, conforme tem vindo a ser praticado nos últimos 35 anos”.
Na passada sexta-feira, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) entregou na Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) um pedido de anulação do processo de despedimento coletivo, defendendo que o mesmo é “ilegal”.
Reagindo agora às declarações da administração da Coindu, o SIMA “mantém a ilicitude do despedimento”, exorta a empresa a “clarificar quantos despedimentos afinal está a levar a cabo” e questiona porque razão “os trabalhadores na unidade dos Arcos estão agora a pedir para trabalharem a ‘110%’”.