Foi disponibilizado esta segunda-feira o estudo CarbonBombs. Este trabalho de investigação mostra que 2.343 projetos extrativistas de petróleo, gás ou carvão, com grande impacto nas emissões com efeitos de estufa, foram lançados desde 2021, ano em que a Agência Internacional de Energia tinha apelado a não aprovar mais nenhum com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica em 2050.
O estudo foi desenvolvido pelas associações Eclaircies, Data for good, Reclaim finance e Lingo e materializa-se num mapa-mundo onde se podem encontrar as diferentes explorações. Na versão anterior deste mapa, feita em 2023, tinham-se identificado 422 “bombas de carbono”, nome pelo qual são conhecidos os mega-projetos de exploração de combustíveis fósseis que emitam pelo menos uma gigatonelada de CO2 equivalente. Passados dois anos, são já conhecidos 601, distribuídos por 51 países diferentes. 372 deles já estão em funcionamento.
No ranking dos países que mais bombas de carbono têm destaca-se a China com 256, depois vem a Rússia com 54 e os EUA com 32. Em termos de empresas, o destaque vai para a TotalEnergies com 30 bombas de carbono e 18 terminais de gás liquefeito. Seguem-se a China National Offshore Oil Corporation, Eni, BP e Shell.
Lou Welgryn, secretária-geral da Data for Good, explica que os cálculos da equipa responsável mostram que estas 601 bombas de carbono combinadas com os restantes 2.300 projetos de extração de combustíveis fósseis “correm o risco de emitir onze vezes o orçamento global de carbono restante para manter o aquecimento a 1,5°C. Os nossos novos dados mostram claramente que a indústria dos combustíveis fósseis está a destruir o Acordo de Paris”, conclui.
Outro responsável pelo estudo, Kjell Kühne, diretor da Lingo e percursor da investigação sobre bombas de carbono, explica que “as empresas de combustíveis fósseis, os bancos e os países ricos continuam a investir milhares de milhões para extrair cada vez mais energias poluentes”.