A tendência geral nestas eleições europeias foi um aumento da extrema-direita, ainda que menos do que se esperava, e redução dos partidos ecologistas. No entanto, vários países conseguiram manter bons resultados para as forças de esquerda. Por exemplo, a França Insubmissa passou de 6% em 2019 para 10% este fim-de-semana, traduzindo-se num aumento de 6 para 9 eurodeputados, enquanto o Partido do Trabalho Belga (PTB) duplicou a sua representação de 1 para 2 deputados. De todos os Estados-Membros, os casos italiano e finlandês saltam à vista.
Esquerda italiana volta a ter representação no Parlamento Europeu
Apesar da vitória de Meloni, houve uma boa surpresa na noite eleitoral italiana: a Sinistra Italiana voltou a ter representação parlamentar. A Aliança dos Verdes de Esquerda, juntando a Sinistra Italiana e os Verdes, conseguiu eleger seis eurodeputados. As negociações entre os grupos ainda estão a ser terminadas, mas espera-se que metade se insira no grupo d’A Esquerda e outra para os Verdes.
Até agora, sabe-se que Ilaria Salis e Mimmo Lucano se juntarão ao grupo d’A Esquerda. Ilaria Salis, que agora eleita teve imunidade, ficou internacionalmente conhecida depois de ter sido presa pelo governo húngaro por ter agredido um militante neonazi. Já Domenico “Mimmo” Lucano ficou conhecido há uns anos quando era presidente da Câmara de Riace, na Calabria, e foi detido por Salvini sob a acusação de favorecimento à imigração clandestina. Na altura, o grupo parlamentar mostrou-se solidário com Mimmo.
Países nórdicos contrariam tendência europeia de aumento da extrema-direita
Na Finlândia, Dinamarca e Suécia, as forças de extrema-direita perderam representação, aumentando antes o apoio a forças de esquerda e ecologistas. Jonas Sjöstedt, eleito pelo Partido da Esquerda da Suécia, descreveu estes resultados eleitorais como um “raio de esperança” para a Europa.
O partido populista Verdadeiros Finlandeses, membro do governo de coligação, foi castigado nos resultados. Marlene Wind, diretora do Centro de Política Europeia e professora da Universidade de Copenhaga, explica este cenário de derrota “Para resumir, é porque já estiveram no poder e, quando chegam ao poder, perdem o ímpeto (...) É preciso que eles governem por um longo período de tempo para demonstrar que é realmente difícil governar um país (...)”.
A Aliança de Esquerda finlandesa merece particular destaque por ter obtido 17% dos votos, conseguindo triplicar a sua representação de um para três eurodeputados. Marlene Wind comenta “Não é que estejamos contrariando a tendência, estamos à frente da curva”.
Além disso, a líder do partido, Li Andersson, obteve o melhor resultado pessoal de sempre ao conquistar 250 mil votos de preferências pessoais, o que permite no sistema eleitoral finlandês selecionar um indivíduo bem como o partido associado.
Na Dinamarca, os Verdes ganharam as eleições com 17%, seguidos dos Sociais Democratas com 15,6%.