Leuman, SN1 e SN2, três fábricas têxteis de Lousada encerraram em pouco tempo, deixando no desemprego perto de 460 trabalhadores, a maioria mulheres.
A Leuman de Macieira pediu insolvência afetando o emprego de 90 trabalhadores. Outras duas empresas, a SN1 e a SN2, de Casais, estavam em lay-off e acabaram por fechar também, somando a este número mais de 350 desempregados no concelho.
A Leuman, antiga Golf, é uma empresa histórica da região, implantada há 48 anos. O jornal local A Verdade conta que a empresa, gerida por José Belmiro da Costa, invocou “falta de trabalho” e também de “qualidade” das trabalhadoras para justificar o encerramento.
Na passada quinta-feira, as trabalhadoras concentraram-se à porta da fábrica. Em declarações àquele meio de comunicação social dizem que foram “surpreendidas”. A gerência mandou um advogado dizer que a fábrica fechou: “é uma vergonha não dar a cara”, afirmam, acrescentando que este “chegou aqui e desligaram a luz às quatro horas”. Uma das trabalhadoras conta até que tinha a peça de trabalho metida na máquina quando desligaram a luz e que “ficou lá o trabalho metido em linha”.
As dificuldades são já antecipadas: “há mães solteiras, que não têm nada, há pessoas que se divorciaram há pouco tempo”. E questionam: “o que vão comer as pessoas que têm créditos e filhos pequenos?”.
Indignam-se também com a justificação de falta de qualidade. Uma delas afirma: “dizem agora que não temos qualidade? Se não tivéssemos qualidade nunca teríamos estado tantos anos abertos”. Outra acrescenta “nunca nos deram formação para ter qualidade”. E avança que sempre colaboraram com a empresa: “nós este anos estivemos duas vezes em lay-off e a trabalhar sempre. Nessa altura, tínhamos de trabalhar X horas, Z dias e foi sempre. E eles avisaram para nós dizermos que só trabalhávamos de manhã”, afirma.
O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda questionou o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre esta situação, manifestando-se ao mesmo “solidário” com estas trabalhadoras e expressando “preocupação com os despedimentos coletivos que estão a ocorrer, com a facilidade com que os mesmos são efetivados, com a ausência de garantia dos direitos de quem trabalha.”
Pretende-se saber se a empresa desencadeou antes algum processo de despedimento coletivo ou se beneficiou de apoios públicos e questiona-se qual o acompanhamento que o executivo está a fazer do caso e se está disponível para “procurar, junto da empresa, uma solução que possa manter os postos de trabalho”.
Há fundamentos para a preocupação expressa pelo partido. O Jornal de Notícias fazia este domingo um apanhado das insolvências que “fustigam o norte”, recorrendo às estatísticas do Ministério da Justiça para contabilizar entre janeiro e setembro 440 insolvências na indústria transformadora, mais 127 do que no mesmo período do ano anterior. 118 delas foram a norte, com a região do Vale do Sousa, com uma subida de 47, de Braga com mais 28, de Aveiro com mais 22 e do Porto com mais 21.