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Estado recupera este domingo a gestão do Hospital de Braga

A partir deste domingo, a gestão clínica do Hospital de Braga deixa de estar nas mãos do Grupo Mello Saúde. O deputado bloquista Moisés Ferreira critica o silêncio do governo sobre o futuro das restantes três PPP hospitalares ainda em vigor.
Foto publicada no site do Hospital de Braga.

O modelo de gestão em parceria público-privada (PPP) do Hospital de Braga, entregue pelo governo de José Sócrates ao Grupo Mello Saúde em 2009, chega ao fim este fim de semana, após uma década marcada por queixas de incumprimentos, atrasos  nas consultas, recusas de doenes e divergências entre o Estado e a empresa sobre os valores a pagar no quadro do contrato em vigor.

Em declarações à agência Lusa, o novo presidente do Conselho de Administração do Hospital de Braga Entidade Pública-Empresarial (EPE), João Porfírio, diz que a transição começou a ser preparada logo após o anúncio de que a PPP não seria renovada, acrescentando que tudo decorreu de ”forma bastante pacifica e estruturada”.

Os desafios da nova equipa de gestão passa por adaptar a organização às exigências a que é obrigada uma Entidade Pública-Empresarial, o que vai significar “um conjunto de tarefas administrativas bastante mais complexas do que as exigidas a um privado, nomeadamente a compra pública, a gestão dos contratos de trabalho, e a gestão da componente financeira com o Ministério das Finanças que é bem mais complexo”, adiantou o administrador que toma posse este domingo.

Para João Porfírio, "tudo isto aumenta os processos burocráticos do hospital e é um desafio mudar na prática os processos, a forma de pensar dos colaboradores e chefias intermédias". A par destas mudanças, a nova gestão pública pretende manter a motivação dos trabalhadores do hospital e “continuar com uma atividade produtiva muito acelerada e muito boa”.

Moisés Ferreira: Governo "esteve mal" ao manter silêncio sobre o futuro das restantes PPP

O fim da PPP do Hospital de Braga é naturalmente recebido com agrado pelo Bloco de Esquerda, que tem feito do fim das PPP na Saúde uma bandeira no combate político. "O SNS tem como objetivo o bem estar das populações e não o negócio ou a criação de mercados. Por isso é que a sua gestão deve ser pública", afirmou o deputado Moisés Ferreira ao esquerda.net.

Mas o fim desta PPP não isenta o governo de críticas nesta matéria, ressalva o deputado bloquista. "O Governo já poderia ter trazido para a gestão pública o hospital de Cascais e já se deveria ter pronunciado de forma clara sobre a gestão pública dos hospitais de Vila Franca de Xira e de Loures. Optou por não o fazer. Esteve mal", criticou Moisés Ferreira.

"Falta ainda fazer isso e garantir que todo o SNS tem gestão pública, com financiamento adequado, com autonomia e gestão democrática e participada", concluiu o deputado bloquista.

Com o fim da PPP no Hospital de Braga, restam três hospitais com contratos de gestão parceria público-privada ainda em vigor: os de Loures, Cascais e Vila Franca de Xira.

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