“Estado português deve investigar Abramovich por crimes de guerra contra palestinianos”

22 de março 2022 - 10:35

O milionário tem nacionalidade portuguesa e é financiador da Elad, uma organização “cuja missão é expulsar famílias palestinianas de Jerusalém ocupada e a construção de colonatos ilegais em terras roubadas” denuncia o Comité de Solidariedade com a Palestina.

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Roman Abramovich em 2014. Foto de Brian Minkoff-London Pixels/Wikimedia Commons.
Roman Abramovich em 2014. Foto de Brian Minkoff-London Pixels/Wikimedia Commons.

Para o Comité de Solidariedade com a Palestina, Roman Abramovich é cúmplice de crimes de guerra e deveria ser investigado. Esta posição foi expressa num comunicado divulgado esta segunda-feira em que se pede que a Procuradoria-Geral da República inicie uma investigação.

Em causa está uma reportagem do The Guardian que revela que o milionário ofereceu 100 milhões de dólares a uma “organização extremista e violenta de colonos israelitas”, chamada Elad, “cuja missão é expulsar famílias palestinianas de Jerusalém ocupada e a construção de colonatos ilegais em terras roubadas”.

Abramovich tem nacionalidade russa mas também israelita e portuguesa. E é na condição de cidadão português que esta organização pede ao organismo público a abertura de “um processo criminal com mandato de captura internacional para julgamento de Abramovich como cúmplice e financiador de crimes de guerra israelitas, amplamente documentados pela ONU e diversas organizações de direitos humanos” Acrescenta-se que, de acordo com a IV Convenção de Genebra, subscrita por Portugal, “colonatos nos territórios ocupados são crimes de guerra”.

O Comité de Solidariedade com a Palestina considera a Elad uma “arma do apartheid racista”. Para a organização, esta fundação, denominada da Cidade de David, foi criada em 1986 “com o objectivo de expulsar o maior número de palestinianos de Jerusalém oriental” e tem sido “uma arma fundamental do apartheid israelita”, “confirmado por dois meticulosos relatórios de duas das maiores organizações de direitos humanos do mundo, a Amnistia Internacional e o Human Rights Watch”.

Desde então os objetivos da Elad permanecem, “com a agravante” desta “ter passado de associação hiperracista marginalizada a organização reconhecida e apoiada pelo Estado de Israel”. Isto fê-la mudar o modus operandi: “a sua tática inicial era de escorraçar famílias palestinianas do bairro de Silwan para aí instalar famílias de colonos, aproveitando-se do anacrónico sistema jurídico israelita relativo à propriedade da terra ou alegando que nos confins dos tempos os locais de implantação das casas tinham pertencido a judeus”. Agora, o apoio do Estado permitiu que a Fundação da Cidade de David “tenha tomado conta das escavações arqueológicas na Jerusalém “ilegalmente” ocupada depois de 1967, podendo assim mais facilmente expulsar os habitantes palestinianos e confiscar-lhes as casas a pretexto de obras de interesse arqueológico e turístico. Esta tentativa violenta e criminosa de “judaizar” Jerusalém oriental à custa de uma autêntica limpeza étnica foi e continua a ser generosamente financiada por Roman Abramovich”.

No mesmo comunicado, o CSP considera que a revisão da lei da nacionalidade para descendentes de judeus sefarditas é “insuficiente”. O movimento pretende que se exclua “explicitamente a atribuição de nacionalidade a soldados israelitas no ativo por estes estarem a contribuir para a violenta e criminosa ocupação e agressão israelita, que neste momento está sob investigação pelo Tribunal Penal Internacional”.