Está a tauromaquia a um passo do fim?

11 de maio 2020 - 17:00
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Num contexto em que a pandemia fez surgir muitas necessidades de apoio social, que sentido faria as Câmaras Municipais apoiarem financeiramente as touradas? Texto de Francisco Cordeiro e Maria da Guia.

"Populações locais têm que demonstrar o seu desacordo por estes financiamentos à tauromaquia" - Foto do movimento Santarém sem touradas
"Populações locais têm que demonstrar o seu desacordo por estes financiamentos à tauromaquia" - Foto do movimento Santarém sem touradas

Vários eventos tauromáquicos previstos desde o início do ano foram cancelados devido à situação de pandemia. No texto de enquadramento da petição promovida pela AnimaNaturalis1, prevê-se que aproximadamente 100 eventos serão suspensos ou cancelados um pouco por todo o país.

A indústria tauromáquica tem assim uma quebra de receitas significativa. Se antes o setor já estava em crise, a pandemia torna esta crise ainda mais insustentável.

São já vários os pedidos ao Estado para que haja apoios a estes empresários, sejam promovidos por associações, sejam promovidos pela direita parlamentar. No entanto, até ao momento, o Ministério da Cultura não respondeu ao pedido de reunião por parte das associações.

Como sabemos, isto não é garantia que o Estado não acabe financiando alguns empresários, nomeadamente através do Ministério da Agricultura e de forma mais ou menos dissimulada.

De qualquer das formas, vivemos uma oportunidade única para que esta atividade desumana, sangrenta e que desrespeita os animais tenha um fim. Para isso apelamos aos leitores que assinem a petição de AnimaNaturalis “Não às Ajudas Públicas ao Sector da Tauromaquia para Paliar os Efeitos da Covid-19”, cujo link pode encontrar no rodapé.

Não tardará a que estes empresários se virem igualmente para as Câmaras Municipais dos concelhos onde a tauromaquia ainda tem atividade para estender a mão ao dinheiro público (neste caso dos municípes). Estes apoios inclusive já existem, como exemplifica os apoios recorrentes dos municípios de Estremoz, Azambuja, Angra do Heroísmo, Vila Franca de Xira, Elvas, Moita, Santarém, São João da Pesqueira, entre outros.2

Assim, para que possamos estar perto de um fim do sofrimento infligido aos touros como forma de fazer negócio, as populações locais têm que demonstrar o seu desacordo por estes financiamentos. Como aconteceu o ano passo em Baião, Caldas da Rainha, Cartaxo, Porto de Mós, Santarém, Tomar, terão que se organizar protestos, adaptados à realidade de cada local, para pressionar os executivos municipais a deixarem de disponibilizar fundos municipais para esta atividade em decadência. Afinal, num contexto em que a pandemia fez surgir muitas necessidades de apoio social, que sentido faria as Câmaras Municipais apoiarem financeiramente as touradas?

Para os concelhos de todo o país que pretendam organizar-se, demonstrar a sua insatisfação com a realização de touradas na sua localidade, o Movimento Santarém Sem Touradas3 disponibiliza-se para todo o apoio que necessitem. Basta contactarem-nos via [email protected]

Texto de Francisco Cordeiro, Santarém, e Maria da Guia, Cartaxo, ambos do Movimento Santarém Sem Touradas


Notas: