Sahara Ocidental

Esquerda apela à presidente do Parlamento Europeu que afaste lobistas ao serviço de Marrocos

21 de março 2025 - 11:40

Um grupo de eurodeputados, incluindo a bloquista Catarina Martins, desafiou Roberta Metsola a retirar as credenciais de acesso aos corredores do Parlamento Europeu à empresa nórdica contratada pela associação patronal marroquina.

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Roberta Metsola.
Roberta Metsola. Foto Alain Rolland/Parlamento Europeu

A agência de lobistas Rud Pedersen, liderada pelo dinamarquês Morten Rud Pedersen, foi contratada pela Confederação Geral das Empresas de Marrocos para defender os interesses daquele país junto da União Europeia. Segundo o Africa Inteligence, meses depois o escritório londrino daquela agência contratou a filha do ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino Nasser Bourita.

Eurodeputados entregam carta na sede dos lobistas em Bruxelas
Hanna Gedin (Partido da Esquerda/Suécia), Catarina Martins (Bloco de Esquerda/Portugal), Per Clausen (Aliança Verde e Vermelha/Dinamarca), Jonas Sjöstedt (Partido da Esquerda/Suécia) foram à sede da Rud Pedersen deixar uma carta de indisponibilidade para reuniões com os lobistas ao serviço de Marrocos.

No início do mês, um grupo de eurodeputados da Esquerda, entre os quais Catarina Martins, lançou um apelo aos restantes membros do Parlamento Europeu e aos seus assistentes para se recusarem a reunir com representantes da Rud Pedersen enquanto esta agência continuar a apoiar Marrocos na sia “exploração do Sahara Ocidental ocupado ilegalmente”. Nesse dia, entregaram uma carta na sede da agência de lóbi a dar conta da sua indisponibilidade para reuniões com a Rud Pedersen. 

Esta quarta-feira, um novo apelo foi lançado, desta vez à presidente do Parlamento Europeu, também subscrito pela eurodeputada do Bloco Catarina Martins, que foi impedida pelas autoridades marroquinas de visitar o Sahara Ocidental há poucas semanas. Nesta carta a Roberta Metsola, exprimem a sua preocupação com a possibilidade de “ter lobistas a caminhar nos nossos corredores para defenderem formas de contornar a decisão do Tribunal Europeu de Justiça de 4 de outubro de 2024, que confirmou a decisão de 2021 sobre a nulidade do acordo de pescas da UE com Marrocos”.

Os eurodeputados defendem que o Parlamento Europeu não deve permitir ser transformado num sítio de lobistas com vista à exploração dos recursos do povo de terras ocupadas. E querem que Roberta Metsola aplique a Marrocos o mesmo critério que o Parlamento Europeu aplicou à Rússia e à Bielorrússia, que é o de não permitir nem aceitar ocupações que vão contra o direito internacional.

Tendo em conta as atuais e futuras negociações de acordos entre a UE e Marrocos, “onde exista a possibilidade de que a exploração ilegal dos recursos do Sahara Ocidental venham a ser discutidos”, os eurodeputados defendem que a presidente do Parlamento Europeu deve negar a esta agência o acesso às instalações e reuniões de comissões, bem como retirar-lhes a possibilidade de organizar eventos com a participação do Parlamento Europeu sobre estes temas.