A agência de lobistas Rud Pedersen, liderada pelo dinamarquês Morten Rud Pedersen, foi contratada pela Confederação Geral das Empresas de Marrocos para defender os interesses daquele país junto da União Europeia. Segundo o Africa Inteligence, meses depois o escritório londrino daquela agência contratou a filha do ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino Nasser Bourita.

No início do mês, um grupo de eurodeputados da Esquerda, entre os quais Catarina Martins, lançou um apelo aos restantes membros do Parlamento Europeu e aos seus assistentes para se recusarem a reunir com representantes da Rud Pedersen enquanto esta agência continuar a apoiar Marrocos na sia “exploração do Sahara Ocidental ocupado ilegalmente”. Nesse dia, entregaram uma carta na sede da agência de lóbi a dar conta da sua indisponibilidade para reuniões com a Rud Pedersen.
Carta aberta
Centenas apelam ao Governo que defenda direito à autodeterminação do Sahara Ocidental
Esta quarta-feira, um novo apelo foi lançado, desta vez à presidente do Parlamento Europeu, também subscrito pela eurodeputada do Bloco Catarina Martins, que foi impedida pelas autoridades marroquinas de visitar o Sahara Ocidental há poucas semanas. Nesta carta a Roberta Metsola, exprimem a sua preocupação com a possibilidade de “ter lobistas a caminhar nos nossos corredores para defenderem formas de contornar a decisão do Tribunal Europeu de Justiça de 4 de outubro de 2024, que confirmou a decisão de 2021 sobre a nulidade do acordo de pescas da UE com Marrocos”.
Os eurodeputados defendem que o Parlamento Europeu não deve permitir ser transformado num sítio de lobistas com vista à exploração dos recursos do povo de terras ocupadas. E querem que Roberta Metsola aplique a Marrocos o mesmo critério que o Parlamento Europeu aplicou à Rússia e à Bielorrússia, que é o de não permitir nem aceitar ocupações que vão contra o direito internacional.
Tendo em conta as atuais e futuras negociações de acordos entre a UE e Marrocos, “onde exista a possibilidade de que a exploração ilegal dos recursos do Sahara Ocidental venham a ser discutidos”, os eurodeputados defendem que a presidente do Parlamento Europeu deve negar a esta agência o acesso às instalações e reuniões de comissões, bem como retirar-lhes a possibilidade de organizar eventos com a participação do Parlamento Europeu sobre estes temas.