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Espanha: Sánchez vai formar governo mas não sabe quando

A votação no parlamento que permitirá a Pedro Sánchez tornar-se primeiro-ministro espanhol ainda não tem data marcada. PSOE e Unidas Podemos têm um acordo de governo mas ainda não se conhecem pormenores. Para haver governo socialista é preciso ainda que os votos da esquerda catalã o permitam.
Encontro entre Sánchez e Iglesias em maio de 2019.
Encontro entre Sánchez e Iglesias em maio de 2019. Foto de La Moncloa - Gobierno de España/Flickr.

Felipe de Todos los Santos de Borbón y Grecia, na sua qualidade de chefe de Estado espanhol, designou esta quarta-feira o dirigente do PSOE como candidato a presidente do governo. Cabe agora a Pedro Sánchez encontrar uma solução governativa que seja aprovada pelo parlamento.

Mas ainda não há data prevista para chegar a esse acordo. E o secretário-geral socialista garante que “o importante é o quê e não o quando”.

Entretanto, o PSOE anunciou que pretendia encontrar-se com todas as forças políticas e reunir com os presidentes das várias Comunidades Autónomas. O que empurraria provavelmente a votação de investidura para meados de janeiro. Nesta ronda, pela primeira vez, foram incluídos o partido independentista basco de esquerda Bildu e o Vox. Contudo, o partido de extrema-direita declinou o convite, alegando que não negoceia “com os inimigos de Espanha”.

Apesar destes contactos, uma coisa é certa: o parceiro central da coligação está encontrado. O acordo entre PSOE e Unidas Podemos já foi anunciado mas ficaram por conhecer detalhes. Pablo Iglesias assegura que este gerará “esperança” e que abrirá caminho para tornar efetivos os artigos sociais da constituição espanhola.

Sinal de que a confiança na tomada de posse abunda nesta formação política, o ministeriável Pablo Echenique, que detém o cargo de Secretário de Ação de Governo e Institucional, apagou as mensagens publicadas no Twitter e no Telegram anteriores às eleições, o que foi interpretado como uma tentativa de evitar possíveis polémicas baseadas nas posições críticas que tomou anteriormente face aos socialistas espanhóis.

Por sua vez, Sánchez declara querer combinar a coligação de esquerda com a busca de “grandes consensos” nos temas mais importantes: “a orientação do meu governo será progressista mas com um espírito dialogante com todas as forças parlamentares que possam sentir-se representadas”, justificou.

Só que a existência deste governo permanece dependente da abstenção da Esquerda Republicana da Catalunha. PSOE e ERC têm negociado nas últimas semanas mas a posição dos catalães só deverá ficar clara depois do seu congresso do próximo dia 21. A ERC coloca em cima da mesa a exigência de um calendário definido de negociação com o direito à auto-determinação na ordem do dia.

Aliás, até o contacto com todos os presidentes autonómicos é visto como uma resposta ao pedido de Marta Vilalta da ERC que o PSOE contactasse Quim Torra, o presidente da Generalitat catalã, como gesto simbólico de boa vontade. O primeiro-ministro espanhol não tinha atendido o telefone durante as mobilizações que se seguiram à condenação a prisão dos dirigentes catalães que organizaram o referendo de 1 de outubro de 2017. Do lado do governo catalão, Torra desvaloriza a notícia deste contacto. Diz que o que é preciso é “coragem” e “respeito institucional” e não gestos “vazios e estéreis” para chegar a uma “proposta democrática” que alcance o “fim da repressão”.

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