A delegação algarvia do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciou que vai pedir uma reunião aos 16 municípios algarvios reunidos na AMAL, depois de a ministra da Saúde ter anunciado numa comissão parlamentar a criação de um Sistema Local de Saúde, “sem especificar o que isso significa ou o seu alcance”, no âmbito de uma experiência-piloto a realizar no Algarve. Segundo a ministra, o dito sistema surgiu na sequência de um plano apresentado pela administração da Unidade Local de Saúde (USL) do Algarve e teve a anuência da AMAL.
“O Algarve e os algarvios não podem ser as “cobaias” de experiências governamentais e/ou de administrações de instituições públicas, como é o caso da ULS para, eventualmente, entregarem “fatias de cuidados” ao setor privado”, apontam os enfermeiros, que exigem conhecer o plano e colocá-lo à discussão pública com a população algarvia.
Os enfermeiros lembram que “há anos que o Algarve vive à custa de Planos de Verão e Planos de Contingência e, todos os anos, o número de enfermeiros efetivos nas diferentes instituições do Algarve, principalmente nos hospitais, diminuem”. Agora, o Plano de Emergência apresentado pelo Ministério pretende resolver o problema com mais horas extraordinárias e “supostos pagamentos de incentivos e suplementos que não valorizam a carreira e o trabalho dos enfermeiros”, critica o SEP/Algarve.
A carência de enfermeiros agravou-se nos últimos anos com a passagem à reforma e os pedidos de exoneração e de regimes a tempo parcial e o sindicato responsabiliza a administração do então Centro Hospitalar Universitário do Algarve e a direção da ARS por não terem tomado medidas para minimizar o problema.
E se desde maio as instituições podem contratar enfermeiros para o plano de contingência de Verão, a ULS Algarve não o faz, segundo o SEP, porque não tem plano e orçamento aprovados, não podendo abrir concursos, mas também porque “não existem enfermeiros para contratar”. Pelo contrário, “as saídas continuam a acontecer por degradação das condições de trabalho: mais horas extraordinárias, menos enfermeiros por turno, etc”, lamentam.