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Enfermeiros recusam que o Algarve continue a ser “cobaia” das experiências do Governo

17 de junho 2024 - 16:45

Sindicato rejeita as sucessivas políticas de remendos que têm deixado o Algarve com cada vez menos enfermeiros. E quer conhecer a experiência-piloto que a ministra anunciou para a Região, mas sem explicar o seu alcance.

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Enfermeiros do Algarve na manifestação do 10 de maio junto ao Ministério da Saúde.
Enfermeiros do Algarve na manifestação do 10 de maio junto ao Ministério da Saúde. Foto SEP Algarve/Facebook.

A delegação algarvia do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciou que vai pedir uma reunião aos 16 municípios algarvios reunidos na AMAL, depois de a ministra da Saúde ter anunciado numa comissão parlamentar a criação de um Sistema Local de Saúde, “sem especificar o que isso significa ou o seu alcance”, no âmbito de uma experiência-piloto a realizar no Algarve. Segundo a ministra, o dito sistema surgiu na sequência de um plano apresentado pela administração da Unidade Local de Saúde (USL) do Algarve e teve a anuência da AMAL.

“O Algarve e os algarvios não podem ser as “cobaias” de experiências governamentais e/ou de administrações de instituições públicas, como é o caso da ULS para, eventualmente, entregarem “fatias de cuidados” ao setor privado”, apontam os enfermeiros, que exigem conhecer o plano e colocá-lo à discussão pública com a população algarvia.

Os enfermeiros lembram que “há anos que o Algarve vive à custa de Planos de Verão e Planos de Contingência e, todos os anos, o número de enfermeiros efetivos nas diferentes instituições do Algarve, principalmente nos hospitais, diminuem”. Agora, o Plano de Emergência apresentado pelo Ministério pretende resolver o problema com mais horas extraordinárias e “supostos pagamentos de incentivos e suplementos que não valorizam a carreira e o trabalho dos enfermeiros”, critica o SEP/Algarve.

A carência de enfermeiros agravou-se nos últimos anos com a passagem à reforma e os pedidos de exoneração e de regimes a tempo parcial e o sindicato responsabiliza a administração do então Centro Hospitalar Universitário do Algarve e a direção da ARS por não terem tomado medidas para minimizar o problema.

E se desde maio as instituições podem contratar enfermeiros para o plano de contingência de Verão, a ULS Algarve não o faz, segundo o SEP, porque não tem plano e orçamento aprovados, não podendo abrir concursos, mas também porque “não existem enfermeiros para contratar”. Pelo contrário, “as saídas continuam a acontecer por degradação das condições de trabalho: mais horas extraordinárias, menos enfermeiros por turno, etc”, lamentam.