Após um encontro, a 24 de março, com o conselho de administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), realizada na sequência de vários pedidos de reunião feitos desde novembro, os enfermeiros decidiram avançar para a greve a 20 de abril.
Esta decisão deve-se ao facto de a administração ter mantido “uma incompreensível e inaceitável inércia em que arrasta os problemas e as injustiças”.
Em causa está a não aplicação do decreto e respetivas orientações sobre a contagem de pontos de avaliação do desempenho e consequentes mudanças de posição remuneratória, bem como a lenta e indevida contabilização dos pontos, com evidentes prejuízos para os enfermeiros do CHL.
Os profissionais exigem o reposicionamento na respetiva posição remuneratória e o pagamento dos retroativos devidos. Assim como a correção de “todas as situações de injustiça relativa”.
Acresce que os enfermeiros acusam a administração do CHL de, “nos últimos anos e principalmente desde 2018”, optar “por medidas economicistas que têm sobrecarregado os horários de trabalho dos enfermeiros prejudicando assim a prestação de cuidados”.
Os profissionais têm ainda promovido “várias ações de denúncia” sobre inúmeros atropelos aos seus direitos por parte de um conselho de administração que “não os respeita nem os valoriza”.
Exemplo disso é a não reposição da jornada de trabalho diária média de oito horas, designadamente no turno da manhã, ou a não consagração de 30 minutos para passagem de turno. Os abusos relatados dizem ainda respeito ao facto de não serem pagas/compensadas corretamente as horas, feriados e folgas em dívida, e de não serem consideradas as horas e dias de ausência por baixa ou por outra razão devidamente justificada, de acordo com o horário programado para o dia ou dias em causa.
O conselho de administração é ainda acusado de não pagar o subsídio de refeição em dia de trabalho extraordinário/suplementar e de não garantir o direito ao descanso compensatório por trabalho suplementar/ extraordinário ao domingo ou em dia de folga semanal.
Continuam também por pagar os “Prémios de Desempenho” e os “Subsídios de Risco” Covid, relativos a 2020 e 2021, com “inaceitável discriminação das enfermeiras do Serviço de Urgência Geral, que estavam a utilizar o seu legítimo direito de parentalidade e também às colegas do serviço de Ginecologia/Obstetrícia que integraram a respetiva equipa de Urgência”.
Acresce que está por atribuir mais um dia de férias aos enfermeiros com contrato individual de trabalho, que perfazem 10 anos de serviço e é mantida “a abusiva e irregular mobilização de colegas entre serviços, com inerentes riscos para o exercício profissional e para a segurança dos cuidados aos utentes, dando prova da elevada falta de enfermeiros”.
A par da paralisação, os enfermeiros vão concentrar-se esta quinta-feira, das 8 às 13 horas, junto à entrada principal da Unidade Hospitalar de Leiria. Às 11h realizar-se-á uma conferência de imprensa.