Horas extra na Saúde atingiram 19,5 milhões em 2022

17 de abril 2023 - 17:13

Com exceção do ano da pandemia, este foi o valor mais alto de horas suplementares realizadas pelos profissionais de saúde desde 2014.

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Foto de Paulete Matos.

Os números revelados pelo jornal Público a partir dos dados disponíveis no Portal do SNS confirmam que 2022 foi o ano em que os profissionais de saúde tiveram de trabalhar mais horas suplementares desde 2014, à exceção do ano de 2021 em que a mobilização para o combate à pandemia dominou o setor, batendo o recorde de horas suplementares realizadas. Comparando com os anos pré-pandemia, os 19,5 milhões de horas extra trabalhadas em 2022 ficaram muito acima quer de 2019 (14,5 milhões), quer de 2018 (11,4 milhões).

No ano passado, em termos regionais, Lisboa e Vale do Tejo (6.9 milhões) e o Norte (6,2 milhões) destacam-se no volume de horas extra trabalhadas no SNS, seguindo-se a região Centro (4,1 milhões), o Alentejo (1,2 milhões) e o Algarve (875 mil).

Em 2023, só há dados disponíveis para janeiro e fevereiro, somando três milhões de horas extra trabalhadas. Números que estão 16,4% abaixo do registado em 2022, mas ainda acima dos dois primeiros meses de 2018 e 2019.

A Administração Central do Sistema de Saúde não respondeu às questões do Público sobre quais foram os encargos totais com este trabalho extraordinário de médicos, enfermeiros e restantes profissionais do SNS em 2022. Mas sabe-se que no ano anterior essa despesa, entre horas extra e prestações de serviço, ascendeu a 530 milhões de euros.

Pizarro ainda não ouviu conclusões do grupo criado por Marta Temido

Ouvido pelo jornal, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares diz que “se não tivermos alternativas significativas, tipo incentivos, para recrutar mais pessoas, o que espero é que as horas extras continuem muito elevadas em 2023”. Xavier Barreto defende ainda “uma reforma estrutural na política salarial”.

Por seu lado, o coordenador da Área dos Cuidados Hospitalares no Grupo de Apoio às Políticas de Saúde, criado no mandato da anterior ministra da Saúde Marta Temido, diz que o trabalho realizado por este grupo não teve ainda nenhum resultado prático, pois “não houve ainda oportunidade” para apresentar as suas conclusões à Direção Executiva do SNS e ao Ministério da Saúde, embora Luís Campos afirme que os membros deste grupo de trabalho se ofereceram para o fazer.

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