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EDP lucra 679 milhões, limita aumentos a 5,1% e vê a sede pintada de amarelo

Após o anúncio de lucros recorde da EDP, a campanha Parar o Gás diz que "a atual crise do aumento do custo de vida é resultado da ganância sem fim destas empresas". Para os sindicatos da CGTP, a proposta final de aumentos salariais está longe de compensar a perda do poder de compra.
Apoiantes da campanha Parar o Gas pintaram fachada da sede da EDP em Lisboa. Foto Parar o Gás.

A EDP anunciou na quarta-feira os resultados financeiros de 2022, com um aumento de 3% nos lucros, que ascenderam a 679 milhões de euros. Segundo a comunicação da empresa à CMVM, citada pelo Eco, o lucro obtido foi “suportado pelo bom desempenho das operações internacionais, sobretudo da atividade de energias renováveis na Europa e nas operações de redes de eletricidade no Brasil“. Já em Portugal, a empresa diz ter sido fortemente penalizada pela sexa extrema dos nove primeiros meses do ano, acabando 2022 com 257 milhões de prejuízo registado nas contas.

Para não variar, o lucro da companhia de eletricidade vai resultar em dividendos aos acionistas, com a administração liderada por Miguel Stilwell a propor à próxima assembleia-geral o pagamento de 19 cêntimos por ação. Para os trabalhadores, limita-se a oferecer 5,1% de aumento salarial para 2023, um valor aquém da inflação. Os sindicatos da Fiequimetal (CGTP) repudiaram "o vergonhoso negócio entre a administração e alguns dos seus fieis parceiros de sempre", referindo-se ao sindicato da UGT que assinou o acordo.

Os sindicatos da Fiequimetal defenderam a proposta de aumentos de 150 euros para cada trabalhador e lamentam que a administração da EDP não tenha seguido o exemplo de outras empresas cmo a REN "cujos valores de aumento mínimo já estão em 115€". E afirmam que "este é um negócio que serve apenas os acionistas, que não abrem mão dos milhões e milhões de lucros que vão arrecadar, acrescendo o facto de que, em 2024, como resultado dos 5.1% (acordo dos patrões na concertação social) a EDP irá beneficiar de mais uns milhões na redução do IRC".

Campanha Parar o Gás pintou fachada da sede da EDP

Por outras razões, a contestação aos lucros recorde da EDP chegou à porta da empresa. Vestidos com fatos brancos e máscaras de gás, apoiantes da campanha Parar o Gás pintaram a fachada da sede da empresa com tinta amarela numa ação de denúncia do que dizem ser as "atividades criminosas desta empresa" por continuar a importar gás para Portugal, "tendo contratos de importação de gás até pelo menos 2040, tal como por produzir eletricidade através de gás fóssil, nas suas duas centrais de ciclo combinado em Portugal".

"Há já muito tempo que a EDP sabe que a queima de gás fóssil, tal como de todos os combustíveis fósseis, é a causa das alterações climáticas extremas que experienciamos e que continuam a agravar-se", diz a campanha em comunicado. E a seca que marcou o ano 2022 em Portugal e que a empresa aponta como razão para o prejuízo do negócio no país "demonstra a crise climática em que vivemos e que é da responsabilidade de empresas como a EDP". Os ativistas sublinham que "as alterações climáticas vão continuar a agravar-se se continuarmos a usar gás fóssil" e dizem que a alternativa passa por  "100% de eletricidade renovável e acessível a todas as pessoas até 2025, combatendo assim a utilização de gás fóssil e os preços obscenos da energia".

A campanha Parar o Gás apela à participação na greve climática estudantil desta sexta-feira, na manifestaão elo direirto à habitação do próximo dia 1 de abril e à acção de resistência civil do dia 13 de maio, como o bloqueio da entrada principal de gas fóssil em Portugal, o terminal de Gás Natural Liquefeito em Sines.

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