A mais conhecida discoteca do Funchal, o Vespas Club, seria o centro da circulação de dinheiro entre patrões e governantes da Madeira, de acordo com a investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária aos casos de corrupção nesta Região Autónoma.
A notícia é avançada pelo Expresso, que descreve este local de diversão noturna como “uma plataforma giratória para fazer circular dinheiro vivo”. A suspeita terá sido reforçada pela descoberta em casa do dono e gerente do espaço, nas buscas realizadas a 24 de janeiro, de cerca de meio milhão de euros em notas em 13 envelopes guardados num cofre. Estes tinham títulos escritos à mão como “let the sunshine in”, “good, very well than you”, “o generoso”, “o generoso B” ou “what a smile” desconhecendo-se a sua proveniência e destino.
Recorda-se que esta habitação é simultaneamente sede da empresa que detém a discoteca.
O semanário cita uma “fonte próxima do processo” que diz que “a grande quantidade de notas apreendidas indicia que os suspeitos faziam uma grande circulação de dinheiro vivo para fugirem ao Fisco e fazerem pagamentos rápidos. Uma espécie de saco azul”. Em suma, a discoteca serviria para “lavar dinheiro de diversas origens e com diversas finalidades”.
A tese da investigação é que o dinheiro “estará ligado” a Pedro Calado, ex-presidente da Câmara do Funchal e antigo vice-presidente do Governo Regional da Madeira. Este é também copiloto de ralis na Team Vespas, equipa da discoteca, e será suspeito de favorecer em contratos públicos as empresas que a patrocinam.
Tolentino Pereira, um dos sócios-gerentes da Acin — iCloud Solutions, uma destas patrocinadoras, terá dito à PJ que quem controla as Vespas são o ex-número dois de Albuquerque e o piloto da equipa, Alexandre Camacho, e que o dinheiro nunca foi transferido sob a forma de patrocínio oficial ou contrato de publicidade mas era “canalizado para as firmas que Calado e Camacho indicassem”, escreve-se na peça. Só em 2023 terão sido 17.500 euros e, em outubro de 2020, Camacho foi contratado como funcionário. Por outro lado, desde 2017, a empresa ganhou 1,8 milhões em contratos públicos na Madeira.