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Degelo record no Ártico

Os seis anos em que o degelo do Ártico foi mais significativo ocorreram nos últimos seis anos, entre 2007 e 2012. Este fenómeno está sem dúvida correlacionado com o aumento da temperatura global do planeta.

Ano após ano, no final do Verão, em Setembro, a superfície de gelo do Ártico atinge um valor mínimo. O mínimo deste Verão foi o mais baixo desde 1979, ano em que se começaram a realizar observações por satélite do banco de gelo do Ártico. Foi a 26 de Agosto que esse mínimo foi alcançado tendo sido registada uma superfície de gelo de 4,1 milhões de quilómetros quadrados. No entanto a cobertura de gelo continuou a diminuir, tendo sido registados valores abaixo dos 4 milhões de quilómetros quadrados já no início de Setembro. Os seis anos em que o degelo do Ártico foi mais significativo ocorreram igualmente nos últimos seis anos, entre 2007 e 2012. Este fenómeno está sem dúvida correlacionado com o aumento da temperatura global do planeta, dado que os registos deste ano (até ao mês de Agosto) colocam provisoriamente o ano de 2012 entre os 10 anos mais quentes jamais registados (desde de 1880) e os registos que compreendem o período entre 1998 e 2011 incluem os 10 anos completos mais quentes de sempre.

Segundo a agência americana National Oceanic and Atmospheric Administration é fortemente provável que em 2016 o banco de gelo do Ártico possa desaparecer por completo no final do Verão. As implicações desta desregulação climática serão percetíveis num ligeiro aumento do nível da água do mar, mas mais preocupante será a diminuição do poder de reflexão dos raios solares à superfície da Terra. Este fenómeno desencadeará um ciclo vicioso em que uma maior absorção dos raios solares pela superfície terrestre provocará um aumento adicional da temperatura que por sua vez fará com que o degelo do Ártico ocorra cada vez mais cedo durante o Verão.

Sabemos que os gases de efeito de estufa, responsáveis pelas alterações climáticas, manter-se-ão na atmosfera durante algumas centenas de anos. Apesar do abrandamento momentâneo das emissões de gases para a atmosfera causado pela crise, as observações deste ano vêm-nos relembrar de uma forma abrupta que o combate à crise é na realidade um combate às crises: a económica e a ambiental.

Relembra-se que a calote polar do Hemisfério Norte é um termómetro mais eficaz das variações climáticas do que a do Hemisfério Sul, dado que a massa oceânica que rodeia a Antártida serve como um gigantesco moderador da temperatura do Polo Sul impedindo variações rápidas da massa de gelo continental e oceânica.

Sobre o/a autor(a)

Investigador no Departamento de Física da Universidade de Coimbra
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