A manifestação nacional de professores juntou milhares de pessoas em Lisboa esta sexta-feira, no dia seguinte à aprovação do decreto-lei que frustrou as expetativas dos docentes quanto à recuperação do seu tempo de serviço congelado.
Presente na manifestação, a deputada bloquista Joana Mortágua falou aos jornalistas, começando por lamentar que o governo tenha decidido “não negociar nada com os professores”. “Não cedeu um milímetro às pretensões dos professores e decidiu de forma unilateral e arrogante devolver aos professores apenas uma pequena parte do tempo de serviço”, resumiu.
Perante o que chamou de “erro do governo que falha aos professores”, Joana Mortágua acrescentou que “a responsabilidade do Bloco de Esquerda, que votou a favor da recuperação integral do tempo de serviço, é trazer à Assembleia da República esta apreciação parlamentar e tentar que o compromisso assumido na Assembleia seja cumprido e que os partidos assumam a sua responsabilidade de voltar a pronunciar-se sobre esta matéria”.
Para que o decreto entre em vigor, falta ainda a assinatura de Macelo Rebelo de Sousa, o Presidente que, “há não muito tempo, disse aos professores que eram os melhores do mundo”, lembrou Joana Mortágua, sublinhando que “o Bloco de Esquerda não desiste dos professores”.
“Não pode haver funcionários públicos com carreira de primeira e de segunda”, prosseguiu a deputada bloquista, considerando que o decreto do governo “significa danos absolutamente definitivos e muito prejudiciais no direito à reforma dos professores, significa que vão ter esta marca na sua carreira, a marca dos salários mais baixos e da desmotivação”.
“Esta arrogância do governo é incompreensível”, concluiu a deputada, recordando que “os sindicatos já mostraram abertura para negociar o prazo e modo da recuperação” do tempo de serviço congelado.
.@JoanaMortagua saúda os professores e rejeita a decisão “unilateral e arrogante do governo” de contabilizar apenas dois anos de serviço dos professores. pic.twitter.com/Fs62pJiZ83
— Esquerda.Net (@EsquerdaNet) 5 de outubro de 2018
Arménio Carlos acusa governo de ter feito "batota" com os professores
Também presente no protesto, o líder da CGTP falou aos manifestantes para sublinhar que “se há alguém que tem aqui uma postura inflexível, não são os professores. É o governo”.
“Enquanto os professores dizem: ‘Respeitem-nos! Contem o nosso tempo!’, o governo diz: ‘Não, há um tempo que conta, que é mínimo, e o tempo máximo fica para as calendas’”, prosseguiu Arménio Carlos, acusando o executivo de estar a fazer “batota” em relação ao direito à carreira por parte dos professores.
“Para a CGTP e a Fenprof, quando assinamos um documento é para cumprir. Não percebemos como um governo que assinou dois compromissos — um com os professores e depois outro, através do seu grupo parlamentar na Assembleia da República – não o esteja a fazer”, afirmou Arménio Carlos aos jornalistas.
“Se há alguém que tem uma postura inflexível, não são os professores, mas sim o governo”, relembra Arménio Carlos, Secretário-Geral da @CGTP_IN. pic.twitter.com/OrRTzrLbwU
— Esquerda.Net (@EsquerdaNet) 5 de outubro de 2018