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"Debtocracy": exibição do filme sobre a crise grega em Lisboa

Na próxima segunda-feira, no Cinema S. Jorge em Lisboa, o Bloco promove a exibição do documentário "Debtocracy", dos gregos Katerina Kitidi e Aris Hatzistefanou. O filme conta o naufrágio da economia grega devido à crise da dívida e à entrada do FMI – contaremos a mesma história em Portugal?
Dia 23 Maio, segunda-feira :: Cinema S. Jorge, em Lisboa :: às 21h30.

"Debtocracy" [em português, Dívidocracia] é um documentário sobre a crise da dívida grega, concebido pelos jornalistas gregos Katerina Kitidi e Aris Hatzistefanou. Rodado com dinheiro próprio e com donativos de alguns amigos, "Debtocracy" procura as causas/responsáveis pela crescente dívida pública na Grécia e propõe soluções distintas das que têm sido impostas ao povo grego pelo Governo, pela UE e pelo FMI. Na próxima segunda-feira, dia 23, o Bloco promove a exibição do filme, com legendagem em português, no Cinema S. Jorge, em Lisboa, às 21h30. Francisco Louçã fará a apresentação do filme. A entrada é livre. 

Francisco Louçã tem apontado o exemplo da Grécia como um dos argumentos fundamentais a favor da renegociação da dívida em Portugal. Um ano depois do plano de intervenção externo, com um empréstimo muito maior do que o português, e com as duras condições que lhe foram impostas, a Grécia tem agora mais dívida, mais défice e mais desemprego. “A Grécia, desesperada e com uma economia mais pobre, está a começar a renegociar a dívida, já conseguiu aliás um juro mais pequeno do que aquele que Portugal vai ter”, lembra Louçã, defendendo que a oportunidade de Portugal “é agora”.

Em Portugal, tal como na Grécia, a retórica da inevitabilidade austeritária domina a comunicação social e o discurso do Governo e dos partidos comprometidos com o acordo com a troika. A divulgação deste documentário impõe-se, tendo em conta a nossa actual situação política, económica e social.

A versão original do filme, em grego, tem exibição gratuita em debtocracy.gr. Nos primeiros 5 dias, foi visto por 500 mil pessoas. Os principais intervenientes do documentário integram um grupo de cerca de 200 personalidades que assinaram pela criação de uma comissão internacional de auditoria da dívida grega para que se apurem os motivos da acumulação da dívida soberana e se condenem os responsáveis. No caso vertente, a Grécia poderá ter direito a recusar o pagamento da sua "dívida odiosa", ou seja, uma dívida que resulta de actos de corrupção contra o interesse dos cidadãos.

Logo nos primeiros minutos resume-se a história da origem da dívida grega apontando-se os responsáveis: "Em cerca de 40 anos, dois partidos, três famílias políticas e alguns grandes patrões levaram a Grécia à falência. Deixaram de pagar aos cidadãos para salvar os credores”.

Sinopse:
O documentário abre com declarações de governantes gregos, do ditador Georgios Papadopoulos ao actual primeiro-ministro George Papandreou. Pelo meio tem a palavra Dominique Strauss-Kahn, presidente do FMI, que se assumiu como um “médico” para os gregos. O foco muda depois para o prelúdio da recente crise económica global e as suas origens na década de 1970. As críticas ao sistema neoliberal e a uma União Europeia desigual e perseguidora dos países periféricos vão pontuando a trama ao longo do filme, ao mesmo tempo que se vão denunciando os responsáveis pela dívida pública grega.

Várias figuras importantes da cena política e sócio-economica são entrevistadas, tal como David Harvey, geógrafo e teórico social, Hugo Arias, Presidente do Comité de Análise da Dívida do Equador, Samir Amin, economista, Gerard Dumenil, economista, Éric Toussaint, presidente do Comité pela anulação da dívida do terceiro mundo, Costas Lapavitsas, economista, Alain Badiou, filósofo, Manolis Glezos, membro da Resistência grega e histórico militante da esquerda, Avi Lewis, jornalista e realizador, Fernando Solanas, realizador, e muitos outros.

“Debtocracy” traça paralelos claros entre a crise económica argentina de 1999-2002 e a actual crise económica na Grécia. Além disso, o documentário sugere o caso do Equador como exemplo de uma reacção governamental alternativa ao FMI e ao Banco Mundial - uma solução sensível à justiça social e que proteja as pessoas do pagamento de um empréstimo do qual não beneficiaram. Uma das soluções apontadas para a crise grega é então a formação de uma comissão para a auditoria da dívida, tal como o Equador fez. Se a análise revelar que se trata afinal de uma dívida odiosa, então os cidadãos não poderão ser obrigados a pagá-la e por isso aquela deverá ser eliminada.
 

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