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Coronavírus: Bruxelas opõe-se aos controlos fronteiriços sem avaliação de risco

Comissários europeus da Saúde e Gestão de Crises reagiram ao surto do Covid-19 com origem em Itália com apelos aos estados-membros para não entrarem em pânico com medidas descoordenadas.
Stella Kyriakides
Stella Kyriakides na conferência de imprnsa desta segunda-feira. Foto União Europeia©

A decisão do governo austríaco de suspender o tráfego ferroviário com a Itália durou apenas quatro horas mas fez soar o alarme em Bruxelas quanto à possibilidade de alguns países optarem por acabar com a livre circulação de pessoas no espaço Schengen devido ao receio do alastrar do Covid-19.

Esta segunda-feira, a comissária da Saúde, Stella Kyriakides, e o da gestão de crises, Janez Lenarcic, deram uma conferência de imprensa conjunta em Bruxelas para apelar à união dos países da União Europeia face à chegada do surto do Covid-19 a território italiano. As autoridades deste país ainda procuram a origem do surto — o chamado “doente zero” — e organizam a quarentena em muitas localidades no norte de Itália. Foram também cancelados eventos públicos de grande dimensão, como o Carnaval de Veneza ou jogos de futebol. Esta segunda-feira, o governo italiano confirmou a sexta morte e a subida do número de infetados para 219.

Para já, a Comissão diz que um eventual encerramento de fronteiras por razões sanitárias, prerrogativa que cabe aos estados-membros, deverá ter em conta critérios estabelecidos que passam pela análise de risco e provas científicas, bem como a coordenação com os restantes países.

“Temos de trabalhar em todas as frentes em simultâneo para combater o surto. Os últimos casos na Europa mostram que a cooperação internacional é crucial para parar o alastrar do vírus e proteger os cidadãos europeus”, afirmou Lenarcic.  

“Até este momento, a Organização Mundial de Saúde não recomendou limitar as viagens nem o comércio”, lembrou a comissária da Saúde, acrescentando que os últimos dias mostram como a situação pode evoluir rapidamente, pelo que o importante é que os estados-membros “não entrem em pânico” nem cedam “às vozes da desinformação”. A conferência de imprensa serviu também para anunciar um plano de 232 milhões de euros para o combate internacional ao vírus, dos quais 114 milhões são a resposta ao apelo da OMS, outros 100 milhões para investigação com vista à descoberta da vacina, 15 milhões para medidas de vigilância e diagnóstico rápido em África e 3 milhões para financiar o repatriamento dos cidadãos da UE na China e o envio de máscaras para o país que foi a origem e é o mais afetado pelo surto do Covid-19.

Em França, alguns autarcas das cidades junto à fronteira com Itália reclamam controlos sanitários na fronteira e o mesmo foi defendido no domingo pela líder da extrema-direita, Marine Le Pen. Entrevistado pela Europe 1, o diretor-geral de Saúde francês, Jerôme Salomon, recusa tal medida por entender que ela seria simplesmente “ineficaz”.

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