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“Conquistas não podem ficar apenas no papel, têm de chegar à vida das pessoas”

Num encontro com os pedreiros de Perozelo, em Penafiel, Marisa Matias sublinhou que a vitória destes trabalhadores no reconhecimento legal do direito às reformas antecipadas está a encontrar entraves na burocracia e falta de orientações claras aos serviços.
Marisa Matias num encontro com pedreiros de Perozelo. Foto de Ana Mendes.

Marisa Matias esteve este sábado em Penafiel, ao lado dos pedreiros de Perozelo, trabalhadores que “conseguiram uma vitória importante: o reconhecimento da sua profissão como uma profissão de desgaste rápido”. Uma vitória que Marisa atribui à luta daqueles homens, viabilizada por uma maioria de esquerda na Assembleia da República, que permitiu que depois de uma vida inteira de trabalho em condições muito difíceis, também eles fossem inscritos na lei e tivessem acesso a uma reforma antecipada por desgaste rápido.

Manuel, um dos pedreiros presentes, dizia estar ali a “reivindicar um direito que conseguimos conquistar, mas que o Governo ou o Centro Nacional de Pensões não está a dar seguimento”. Ao seu lado António Nogueira, pedreiro com 40 anos de descontos, e Luís Silva, outro pedreiro que dizia apenas querer que se cumpra a lei, lembrando que “há aqui gente que meteu os papéis já há um ano e meio.

Para a candidata presidencial, “o problema é que a lei e as conquistas não podem estar apenas no papel, têm que ser cumpridas” e chegar à vida das pessoas. Entre as limitações que estes trabalhadores encontram, identificou a questão de muitas empresas para as quais trabalharam já não existirem e de terem de provar que foram pedreiros toda a sua vida. Para Marisa Matias, estes trabalhadores “têm direito, a lei assim o consagra, de poderem declará-lo sob compromisso de honra”, mas esse não tem sido aceite em muitos dos locais a que se dirigem, o que considerou “inaceitável”.

“É fundamental acabarmos com esses entraves e permitirmos que essas pessoas possam usufruir de uma vitória que é sua, que resulta da sua luta, da sua mobilização e que resulta de tantos anos de trabalho”, afirmou Marisa, que exigiu “orientações claras” porque “a lei já está, o reconhecimento está lá” e “o que nós assistimos aqui tem a ver com interpretações na aplicação da lei”.

Marisa defendeu que a Presidência da República pode ter um papel importante nas questões laborais “num país que está marcado pela precariedade, por injustiças, por não reconhecimento de vidas inteiras de trabalho, pela não dignificação dessas vidas de trabalho”.

A candidata presidencial apoiada pelo Bloco encontrou “dimensões que são muito comuns" entre a luta destes pedreiros e a dos cuidadores e das cuidadoras informais, no sentido em que “houve avanços importantes na lei e no entanto quando as pessoas procuram o reconhecimento desses direitos o que encontram são burocracias, dificuldades, tempos de espera".

"São famílias inteiras que estão à espera e que precisam desses direitos reconhecidos e com dignidade porque já estamos a falar de reformas de valores muito baixos e de vidas inteiras de trabalho e de descontos”, prosseguiu Marisa. 

“Soubemos hoje que da verba que está orçamentada para os cuidadores e cuidadoras informais em 2020, foi executado 1%”, recordou a candidata. “Com tanta gente a precisar desse apoio, com tanta gente que tem direito a esse apoio, não foi por falta da verba orçamentada que estava já no orçamento de 2020, foi por não cumprimento do que está na lei não ter chegado às pessoas”, acrescentou, sublinhando ainda que a execução de 1% diz muito sobre o que está por fazer.

“Creio que as questões laborais não foram seguramente uma das preocupações do Presidente e eu tenho mostrado nesta campanha que vou continuar a dar visibilidade a lutas tão importantes que permitiram ao longo destes anos dignificar o trabalho, dignificar as vidas inteiras de trabalho e lutar por direitos e isso é o caso dos pedreiros de Perozelo”, concluiu.

 

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