A embaixada israelita em Lisboa está a anunciar uma festa para esta quarta à noite no Finalmente, um espaço emblemático da noite LGBTQI+ lisboeta. Um grupo de coletivos, nos quais se incluem as organizações das marchas do orgulho do Porto, Barcelos, Famalicão, Guimarães, Santo Tirso, Vizela, Santarém, Covilhã, Évora, plataformas de Viseu, Chaves, Felgueiras e Sintra, entre outras, emitiram um comunicado conjunto em que condenam "esta celebração do horror mascarada de festa" e apelam ao Finalmente que cancele a iniciativa.
"Israel continua a impor um regime de apartheid e de limpeza étnica sobre o povo palestiniano. Em nosso nome, não toleraremos nenhum tipo de pinkwashing a um estado genocida", dizem as organizações subscritoras, sublinhando que "não há orgulho no apartheid".
Em março deste ano, a organização da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa anunciou a data da edição deste ano para o sábado 17 de Junho e deixou claro que "não aceita a participação da embaixada de Israel na Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa, enquanto representante oficial de um Estado violador dos direitos humanos, que aplica políticas de apartheid e cujo governo é de extrema-direita."
A recusa já tinha ocorrido na edição do ano passado, com o embaixador do apartheid israelita em Lisboa a responder que a organização do evento que junta dezenas de milhares de pessoas está "capturada por uma extrema-esquerda com tiques assustadoramente autocratas".
A organização da marcha de Lisboa reitera que "a bandeira arco-íris não servirá para ocultar violações sistemáticas dos Direitos Humanos" e reafirmou a sua solidariedade com o povo palestiniano "e em particular com as organizações LGBTI+ e queer palestinianas e israelitas que se opõem à ocupação israelita da Palestina e ao apartheid."
Comunidade palestiniana convoca protesto
Nas redes sociais, um grupo da comunidade palestiniana em Portugal convocou um protesto para as 20h à porta do Finalmente, apelando aos participantes que tragam bandeiras palestinianas e LGBTI+.
"O amor vencerá contra o preconceito, o racismo e a violência!", diz a convocatória, sublinhando que "estas práticas conhecidas como pinkwashing são utilizadas para promover uma ideia de apoio à comunidade LGBTI+ para tentar encobrir violações sistemáticas dos direitos humanos, um apartheid racista e genocídio étnico que o estado de Israel prática todos os dias contra a população palestiniana".
"Um local que promove um evento que põe lado a lado a bandeira de um estado genocida com a bandeira de uma comunidade que lutou tanto para se libertar do preconceito e da violência e que o continua a fazer até aos dias de hoje não é um espaço de amor", dizem os organizadores deste protesto.