O jornal i teve acesso ao balanço e à demonstração de resultados do Centro Português para a Cooperação (CPPC), a ONG que Passos Coelho presidiu e para a qual afirma ter trabalhado de graça durante três anos, só recebendo o reembolso de despesas.
Mas a contabilidade, referente a 1998, não permite identificar quanto recebeu o então deputado do PSD. As despesas registadas nos documentos com colaboradores, diz o i, “são relativamente pequenas tendo em conta as várias viagens feitas a África e não só”.
Onde estão as faturas?
O recurso à rubrica "outros devedores" era uma manobra usada para justificar saídas de dinheiro não fundamentadas com faturas.
A explicação para isso seria a falta de faturas – as tais que Passos Coelho disse no Parlamento ter apresentado para ser reembolsado. Sem esses documentos, o contabilista terá registado as saídas de dinheiro noutra rubrica, "outros devedores". Nela deveriam constar os valores que terceiros deviam à ONG, mas só em 1998 registava dívidas para com o CPPC de quase 25 mil contos (125 mil euros). Na verdade, o recurso à rubrica "outros devedores" era uma manobra usada para justificar saídas de dinheiro não fundamentadas com faturas.
Para tornar o caso mais obscuro, o contabilista do CPPC, José Duro, morreu há uns anos, deixando por esclarecer se foi ou não a falta de faturas que levou o contabilista a colocar numa rubrica aparentemente errada quase toda a atividade do CPPC.