O movimento Casa para Viver convocou esta quinta-feira uma nova manifestação pelo direito à habitação para o dia 30 de setembro em Lisboa, com partida da Alameda tal como na manifestação que juntou muitos milhares de pessoas no passado dia 1 de abril.
Para os ativistas, o Governo "continua a fingir que o problema da habitação não é assim tão grande, que não somos muitos e que medidas paliativas resolverão esta crise". E acusam o executivo do PS de durante o processo de debate das medidas do Mais Habitação não ter ouvido "as dezenas de milhares de pessoas que têm saído às ruas", acedendo apenas "aos interesses e reivindicações dos especuladores e do grande capital".
Num balanço do debate que tem hoje o seu desenlace em comissão parlamentar, a associação Chão das Lutas afirmou em comunicado que "as medidas que foram mais debatidas serviram apenas de cortina para esconder um generoso pacote de benefícios fiscais e de liberalização desregulada da construção". Ou seja, "tudo cedências ao lobby do imobiliário".
A associação diz que o Governo "recuou em tudo", seja no alojamento local, seja nos imóveis devolutos, seja nos vistos gold ou, mais recentemente, nos subsídios de renda.
"Estes recuos sucessivos ignoram as pessoas, que sofrem diariamente para conseguir pagar a renda ou a prestação ao banco, e ignoram também as milhares de vozes que no dia 1 de abril saíram à rua para pedir controlo de rendas, fim da especulação, fim dos benefícios fiscais e cidades onde as pessoas possam viver", conclui a associação.
Preços das casas sobem em Portugal o dobro da Europa
Os números divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat e citados pelo portal económico Eco dizem que entre os 20 países da Zona Euro, Portugal foi o sexto país a registar o maior aumento de preços no mercado residencial entre janeiro e março.
Os preços dos imóveis em Portugal continuam a evoluir em sentido contrário aos do resto da Europa. No primeiro trimestre deste ano, os preços caíram em média 0,9% na zona euro face ao trimestre anterior, enquanto no nosso país aumentaram 1,4%. A liderar a queda dos preços estão o Luxemburgo e a Alemanha, com uma contração dos preços de 4,5% e 3,1%, respetivamente. Se a comparação for com os 12 meses anteriores a março, enquanto os preços dos imóveis em Portugal aumentaram, em média, 8,7%, na Zona Euro esse crescimento foi muito ligeiro, com 0,4%.
No caso do arrendamento, a tendência é semelhante, com as rendas em Portugal a subirem em média 1,6% no primeiro trimestre do ano, quase o dobro dos 0,9% de aumento no conjunto da zona euro. Na mesma comparação com os 12 meses anteriores a março, em Portugal as rendas subiram 4,2% face aos 2,7% na Zona Euro.
