Roménia

Candidato de extrema-direita inabilitado por financiamento ilegal e ingerência externa

12 de março 2025 - 13:54

O antes quase desconhecido Georgescu tinha surpreendido nas presidenciais em novembro crescendo no TikTok e acabando em primeiro lugar. O escrutínio acabou por ser anulado por financiamento ilegal e ingerência russa. Na nova eleição, a Comissão Eleitoral decidiu que não podia concorrer.

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Protestos depois de ser conhecida a invalidação eleitoral desta candidatura.
Protestos depois de ser conhecida a invalidação eleitoral desta candidatura. Foto de ROBERT GHEMENT/EPA/Lusa.

A Comissão Eleitoral da Roménia recusou a validação da candidatura presidencial de Călin Georgescu por dez votos contra quatro por esta não se encontrar em “condições de legalidade” e por ter “violado a própria obrigação de defender a democracia”.

O antigo engenheiro agrónomo no Ministério do Ambiente e depois perito ambiental ligado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, era praticamente um desconhecido na política nacional até novembro passado. Anti-vacinas, negacionista das alterações climáticas (e até da aterragem na lua), pró-Putin e de extrema-direita (tendo sido expulso do partido AUR, desta área, por apoiar explicitamente figuras fascistas romenas do passado),a sua campanha presidencial começou a destacar-se nas redes sociais, nomeadamente no TikTok.

Acabou mesmo por vencer a primeira volta do plebiscito mas este acabou anulado pelo Tribunal Constitucional por múltiplas irregularidades de financiamento e com a suspeita de ingerência russa. Uma nova eleição ficou marcada para maio e era a esta que agora o político de extrema-direita se candidatava. Este financiamento ilegal e ingerência externa estarão entre os motivos invocados para impedir a nova candidatura. Está ainda a ser investigado por “instigação à prática de atos contra a ordem constitucional, na forma tentada” e “iniciar ou constituir organização fascista, racista ou xenófoba, filiar-se ou apoiar, sob qualquer forma, tal grupo”.

Depois de conhecida a decisão, os seus apoiantes envolveram-se em conflitos violentos com a polícia. Tentaram entrar nas instalações da Comissão Eleitoral, havendo notícias de 13 polícias feridos e de sete manifestantes detidos.

Georgescu anunciou que interpôs formalmente um recurso considerando a decisão “totalmente ilegal”, alegando que o organismo eleitoral usurpou “de maneira inadmissível” o que seria uma competência exclusiva dos tribunais. Fala num “novo episódio no golpe de Estado de que diz ter sido vítima, diz que a Europa “é agora uma ditadura” e a Roménia “está sob ditadura”.

Do lado da extrema-direita norte-americana, que ele também venera, chegou já apoio a vários níveis. Elon Musk manifestou-lhe apoio no X, escrevendo “isto é de loucos”, e JD Vance, vice-presidente dos EUA criticou as autoridades romenas, afirmando que estas têm “tanto medo do seu povo que o silenciam”.

A manter-se a decisão do órgão, espera-se que outro político de extrema-direita, George Simion, líder do AUR, o ex-partido de Georgescu, ocupe o mesmo espaço político e se prepare para disputar a eleição. Para já este diz recusar e manter o apoio à candidatura presidencial do ex-funcionário público.

Georgescu liderava as últimas sondagens com 40% das intenções de voto. E o AUR é já o segundo partido mais representado no Parlamento romeno. Nesta nova candidatura apoiava-o. Assim como o fazia o POT de Anamaria Gavrila, outro partido de extrema-direita.

Esta segunda-feira, Simion disse estarmos “no meio de um golpe de Estado”, depois de num vídeo no domingo à noite ter apelado a que “aqueles que cometeram o golpe sejam esfolados em público pelo que fizeram.”