Açores

Bloco/Açores exige transparência no futuro contrato de combustíveis para a EDA

28 de junho 2024 - 10:06

O Governo Regional prepara um negócio de milhões na compra de combustível para produção de energia a partir de 2025. O atual contrato garante ao Grupo Bensaude, também acionista da elétrica açoriana, uma rendibilidade doze pontos acima da média do setor.

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Central Termoelétrica do Caldeirão
Central Termoelétrica do Caldeirão. Foto EDA.

Em comunicado, o Bloco de Esquerda/Açores afirma que questionou o Governo Regional para saber que diligências estão a ser efetuadas para assegurar o fornecimento de combustível para a produção de energia pela Eletricidade dos Açores (EDA) com maior transparência e assegurando melhores condições financeiras e ambientais para a Região a partir de janeiro de 2025. É nessa data que termina o atual contrato de exclusividade celebrado por ajuste direto com a BENCOM, do Grupo Bensaude, que detém 35% da EDA, e que só entre 2013 e 2021, rendeu 375 milhões de euros à empresa.

O Bloco/Açores aponta que entre 2009 e 2021 o valor pago à BENCOM ficou 22 milhões de euros acima do valor aceite pela ERSE. Além disso, a fórmula criada para determinar o preço de venda do fuelóleo à EDA permitiu uma taxa de rendibilidade à BENCOM superior a 14%, quando a rendibilidade média deste sector é de apenas 2%. E a análise dos relatórios e contas da EDA e da BENCOM “permitem concluir que, por exemplo, nos anos de 2018, 2019 e 2020, 90% das vendas da BENCOM foram feitas à EDA”, sublinha o partido, que não quer ver repetido um contrato com contornos de favorecimento àquele grupo económico da Região.

António Lima
António Lima

Uma empresa pública de interesses privados

16 de junho 2023

Há mais de um ano, o Bloco apresentou no parlamento açoriano uma proposta aprovada por unanimidade para que se realizassem estudos com antecedência e encontrar a melhor solução para o modelo de fornecimento de combustível para a produção de energia a partir de janeiro de 2025. Mas até agora não há notícias do andamento desses estudo nem quais as entidades estiveram envolvidas.

“Esta é uma questão estratégica para a Região e exige do governo o máximo empenho. Esperar para uma solução de última hora, em vez de estudar todas as soluções alternativas atempadamente, é permitir que a empresa BENCOM – do Grupo Bensaude – que já presta este serviço, fique numa posição dominante na negociação, o que poderá ser extremamente prejudicial para a Região, não só em termos económicos – caso não seja avaliada a hipótese de conseguir um serviço mais barato – mas também em termos ambientais – caso não sejam avaliadas alternativas ao fuelóleo, que é extremamente poluente”, volta a alertar o Bloco/Açores.

O partido conclui que a partir de 2025 o fornecimento de combustível para a produção de energia “tem que ser mais transparente e o Governo Regional deve utilizar todos os instrumentos disponíveis na legislação para a contratação pública para garantir um negócio favorável à Região”.

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