O Bloco de Esquerda esteve presente esta quinta-feira junto ao antigo hospital do Desterro, em Lisboa, para denunciar a venda desse edifício público, que será convertido num hotel de luxo. Perante a atual crise de habitação, Mariana Mortágua considera que “o que está a acontecer em Lisboa é um reflexo do que está a acontecer no país”.
Segundo a coordenadora do Bloco de Esquerda, a grande preocupação de Luís Montenegro é “proteger o alojamento local, proteger os especuladores, proteger os hotéis” e a sua política de habitação é dirigida “a milionários, a turistas e a especuladores”.
Saíram hoje dados sobre as rendas em Portugal que mostram que houve um aumento de 11% nos valores do segundo trimestre do ano. “Não há cidade que não conheça esta realidade que é as pessoas não conseguirem pagar a renda de uma casa”, afirmou a dirigente bloquista.
Ricardo Moreira, vereador bloquista em substituição em Lisboa , falou aos órgãos de comunicação social sobre a situação concreta da cidade e do hospital do Desterro. “Há mais de dez anos desativaram este hospital e prometeram que seria habitação pública”, explica. Mas há dois anos atrás, o edifício foi vendido pela Estamo – a empresa pública que gere o património do Estado – para ser um hotel com mais de duzentas camas. Esse hotel foi aprovado por Carlos Moedas.
Ao lado do hotel que ocupará o edifício do antigo hospital do Desterro vai haver outro hotel, aprovado também pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa. “Numa só reunião de Câmara, Carlos Moedas propôs três hotéis, dois juntos um ao outro”, explica o vereador do Bloco de Esquerda.
“A política de Carlos Moedas tem sido essa: mais e mais hotéis. Desde que Carlos Moedas é presidente de Câmara, em cada mês têm nascido dois hotéis na cidade de Lisboa”, acusa. Mesmo antes dessa política de construção de hotéis, Lisboa “já tinha muito hotel e muito alojamento local e agora tem ainda mais”.
A comitiva bloquista que esteve presente em frente a esse hospital apontou também que o antigo hospital do Desterro foi vendido pela Estamo por cerca de dez milhões de euros – um preço muito abaixo do preço médio do metro quadrado em Lisboa.
