Está aqui

Arquivo do Diário de Notícias pode tornar-se “tesouro nacional”

A Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB) vai pedir para o arquivo do DN a proteção máxima prevista na Lei de Bases do Património. Em maio passado, um grupo de cidadãos, entre os quais o historiador Fernando Rosas, tinha apelado à preservação do arquivo.
Capa do primeiro número do DN, 29 de dezembro de 1864 - Foto de wikipedia.pt
Capa do primeiro número do DN, 29 de dezembro de 1864 - Foto de wikipedia.pt

Segundo notícia do “Público”, o pedido de classificação da DGLAB, que tutela o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, abrange o arquivo documental e fotográfico do “Diário de Notícias”, desde a sua fundação em 1864 até 2003

O diretor-geral da DGLAB, Silvestre Lacerda, declarou ao jornal: “A proposta pela qual nós tecnicamente vamos avançar é a de ‘interesse nacional’, de considerar o Arquivo do Diário de Notícias um ‘tesouro nacional’. É a máxima classificação”. Silvestre Lacerda explica que esta opção justifica-se quando “a proteção e valorização [do bem], no todo ou em parte, representa um valor cultural e significativo para a nação”.

O apelo feito em maio passado era subscrito por um conjunto de cidadãos e cidadãs, nomeadamente o historiador Fernando Rosas e os ex-presidentes da República Jorge Sampaio e Ramalho Eanes, além de outros historiadores, jornalistas e escritores.

Fernando Rosas esclareceu então que a preocupação era que o espólio fosse classificado como património arquivístico protegido para impedir que seja vítima da situação financeira da empresa. O historiador explicava que “o DN é o jornal mais antigo do continente, com um espólio absolutamente único no país” e alertava que como “o destino da empresa não está claro. O jornal pode ser vendido. Tem credores. Isso torna o arquivo completamente vulnerável.”

Segundo Silvestre Lacerda, a proteção por que opta a DGLAB tem em conta “as sucessivas mudanças de titularidade do Diário de Notícias”, que atualmente pertence ao grupo Global Media, assim como o “Jornal de Notícias”. “O que vamos considerar é o arquivo do Diário de Notícias entre a data da fundação, 1864, e 2003, data em que a empresa Diário de Notícias S.A. é objecto de extinção por fusão na Global Notícias S.A.”, esclarece o diretor-geral da DGLAB.

Para esta decisão e depois de iniciado o processo de classificação na sequência do pedido, a DGLAB visitou os locais onde o arquivo está guardado e ouviu diversos historiadores, especialistas e responsáveis da Global Media, nomeadamente o diretor do arquivo da empresa, Pedro Tadeu.

“A partir do momento em que formalmente entra o pedido de classificação, a entidade proprietária deixa de poder alienar qualquer parte do arquivo. Tem de ficar a aguardar uma decisão final da direcção-geral e ninguém pode ir a correr vender partes do conjunto, nomeadamente a parte fotográfica”, esclarece o historiador Fernando Rosas, frisando que uma das preocupações do requerimento era preservar a individualidade do arquivo do “Diário de Notícias”.

“Nós pretendíamos que se iniciasse um processo que evitasse qualquer surpresa desagradável”, afirma a concluir.

Termos relacionados Cultura
(...)