A eletricidade caiu ao fim da manhã desta segunda-feira. O que poderia ser um fenómeno isolado foi-se revelando algo numa escala maior à medida em que se percebia que as falhas no abastecimento de energia não se limitavam a um lar, um edifício, um concelho, uma região. Nas redes sociais iam-se somando publicações que mostravam que também em Espanha o mesmo tipo de apagão estava a acontecer.
Algum tempo depois, os principais órgãos de comunicação e agências noticiosas começaram a referir o acontecimento. O apagão estendera-se a Portugal, Espanha e uma parte de França onde a eletricidade foi algum tempo depois reposta.
Sem que imediatamente se tenham avançado causas para o sucedido e com as autoridades espanholas a anunciar que estavam a investigar o sucedido, vários rumores foram circulando. Um deles, que chegou a ser publicado em vários órgãos de comunicação social portugueses, dava conta que Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, tinha referido a existência de um ciberataque que seria um "ataque à Europa".
Tais notícias vieram a não se confirmar e cerca duas horas depois de se ter iniciado o apagão e com ele ainda em curso uma porta-voz da Comissão Europeia, citada pelo El País, acabava por dizer: “A Comissão está em contacto com as autoridades nacionais de Espanha e Portugal e com a ENTSO-E (Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Electricidade) para compreender a causa subjacente e o impacto da situação”, assegurando estar a “monitorizar a situação para garantir que há “protocolos para restaurar o funcionamento do sistema”.
Pouco antes, a Euronews, junto com outros meios de comunicação social, tinha publicado a história de que a REN portuguesa tinha dado como justificação um incêndio em França que teria afetado uma linha elétrica. Nas informações sobre os passos tomados pela REN dadas pela Lusa não se encontrava rasto dessa justificação. Tal veio-se a confirmar ser mais uma notícia falsa.
Mas na Lusa encontrava-se a explicação do ministro da Presidência António Leitão Amaro de que “terá sido, aparentemente, um problema na rede de transporte, cuja razão ainda está a ser identificada, aparentemente, em Espanha”.
Antes, a agência noticiosa portuguesa mostrava que o Governo também hesitava na explicação. O ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro de Almeida, à RTP 3, tinha indicado a possibilidade de ciberataque apesar de dizer que "não está confirmada”. Acrescentando: “Sei que abrange vários países da Europa - Portugal, Espanha, França e Alemanha e creio que também Marrocos” e que seria uma “coisa em grande escala que, pela dimensão que tem, é compatível com um ciberataque”.
Pouco antes das 14 horas em Portugal, Eduardo Prieto, diretor de serviços operativos da Red Eléctrica espanhola, dizia em conferência de imprensa que a reposição completa da eletricidade no seu país poderia tardar ainda "entre seis e dez horas". Afirmando não querer entrar no jogo de especulações sobre a origem do apagão, sublinhou que o que era factual foi que se registaram "oscilações de potência nas redes" que levaram "ao colapso do sistema elétrico espanhol" (e consequentemente do português).
O Governo espanhol mais tarde viria a explicar que durante cinco segundos desapareceu 60% da energia que estava a ser consumida. Pedro Sánchez reiterava que a causa do fenómeno permanecia desconhecida.
Entretanto, nos dois países, a incerteza sobre a duração do fenómeno fazia com que existissem corridas às caixas de levantamento de dinheiro e filas nos supermercados e postos de abastecimento de combustíveis.
Para algumas pessoas, o seguimento do que se passava ia rareando à medida da bateria dos telemóveis. Restava a informação que vinha da conversa, nos cafés e nas ruas. Para outras, os ouvidos ficaram colados aos velhos rádios a pilhas ou nos rádios dos automóveis que também ajudavam a carregar telemóveis mantendo uma janela para o mundo.
Esta notícia foi sendo atualizada até que o apagão chegou também ao Esquerda.net.